A grande ilusão
É relativamente fácil alguém se deixar seduzir pela estética revolucionária e pelo discurso da repressão e da exploração sobre os desfavorecidos. Quem não se sente solidário com os abusos psicológicos e físicos, com o autoritarismo ou com a exploração? Mesmo que sejam actos isolados, junta-se tudo e faz-se disso uma política, uma política contra. É esta a imagem que o 1º de Maio representa nos dias de hoje. Sem qualquer orientação ou narrativa política, a defesa dos direitos dos trabalhadores não passa de um conjunto de lugares comuns revolucionários e contra-sistema que não encontram qualquer adequação ao mundo em que vivemos. No fundo, é pegar num conjunto de situações emocionalmente fortes e vendê-lo como um ideal político.
É este excesso que caracteriza o revolucionarismo, esta persistência secular, a insistência basista numa sociedade que não existe, a diabolização de um dono de escravas, a metáfora desadequada. Quem não se deixa corromper pelas emoções?