Igualdade de Oportunidades
O tema da semana são as Novas Oportunidades (NO) e, como não poderia deixar de ser, a defesa do programa passa por dados estatísticos e o sucesso avaliado por uma auditoria monotorizada pelo saudosíssimo Dr. Roberto Carneiro. A vida tem destas pequenas ironias.
A minha questão com as NO não é nem a sua intenção, nem o sucesso que parece ter entre os seus formandos e formados. É perfeitamente natural que se olhe para esta oportunidade de aumentar as habilitações literárias com bastante entusiasmo. Acho isso óptimo. A verdade é que o modo como o programa é executado suscita-me dúvidas. Vejamos, então, as declarações do tal Dr. Carneiro aqui.
Não obstante a satisfação pela oportunidade que lhes é concedida, não podemos passar uma esponja nas diferenças académicas entre estas pessoas e as que fizeram o percurso curricular comum. Não será de todo justo que seja atribuída a mesma habilitação a uns e outros. Parece-me lógico.
É neste sentido que corre a crítica ao programa em causa. E, ao contrário do que diz o Pedro Marques Lopes, não acho que seja um caso de sucesso em sentido amplo, mas sim em sentido muito restrito - o das estatísticas. Sim, um achismo, porque a política também é a nossa convicção sobre as matérias, aquilo que acreditamos ser ou não ser um caminho certo para um objectivo comum, neste caso a igualdade de oportunidades.
Adenda: "A avaliação externa do programa Novas Oportunidades não contemplou, até hoje, uma aferição directa da qualidade da formação ministrada no âmbito desta iniciativa, que, em seis anos, permitiu a certificação de 520 mil pessoas com diplomas do 4.º, 9.º e 12.º anos, confirmou ao PÚBLICO o investigador Joaquim Azevedo, um dos peritos que têm acompanhado o trabalho de avaliação iniciado em 2008." (sublinhados meus)