Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

30
Abr10

A ânsia do poder

jorge c.

Anda por aí uma gente a aproveitar a subida do PSD nas sondagens para tentar sugerir Passos Coelho como a solução, visto ele ter sido muito responsável nesta campanha de salvação nacional pelo bloco central Armani.

Não é bem Passos Coelho que nós precisamos que seja responsável, mas sim José Sócrates. Não só responsável como consciente. Em primeiro lugar, que ouça a oposição e colabore para que a situação, pelo menos, não piore. Depois, seria interessante o Primeiro-ministro pensar em abandonar o cargo a médio-prazo tentanto deixar a casa mais ou menos arrumada. Isso sim seria responsabilidade.

O que não pode acontecer é uma saída imediata do governo. Não só porque não há muita certeza daquilo que é Passos Coelho (a postura de responsabilidade numa conferência de imprensa não me basta, lamento), como também seria totalmente desadequado ao momento uma mudança radical. Essa mudança é necessária, sim, mas não agora que precisamos de estabilizar o barco, tirá-lo das águas agitadas.

O oportunismo tem limites. Isso também é responsabilidade.

30
Abr10

cais do sodré

jorge c.

O Cais do Sodré é um dos lugares mais verdadeiros de Lisboa, talvez pelo seu realismo, a sua crueza. Nada tem que ver com a vista da Nossa Senhora do Monte ou do Hotel do Chiado. Ontem, enquanto jantava no Ibo, uma americana com ar de dondoca dizia isso mesmo, que não era o typical or tourist, era algo mais real.

Mesmo ao lado, uma série de armazens vão servindo de abrigo às ratazanas e os becos, depois de encerradas as casas de banho públicas do terminal, usados com esse propósito. Pelo que consta, a grande parte dos edifícios ainda pertence ao Porto de Lisboa. O seu estado de degradação não é compatível com a necessidade que a cidade tem de se virar para o rio, décadas depois de lhe ter virado as costas.

O Cais do Sodré é uma zona de excelência que pode propiciar esse encontro entre as pessoas e o rio, mais próximo dessa colina movimentada que é a do Chiado. Não tem necessariamente de se tornar numa zona de diversão nocturna. Pode ser aproveitada de várias formas e com um target não necessariamente turístico. O conforto dos cidadãos e o seu usofruto da cidade é o maior cartão de visita que uma cidade pode ter. A qualidade de vida das pequenas coisas é uma porta para o desenvolvimento.

28
Abr10

Da confiança

jorge c.

Se havia quem tivesse dúvidas por que razão é tão importante a avaliação e a certeza do carácter dos nossos políticos e principalmente do Primeiro-ministro, os acontecimentos dos últimos dois dias parecem deixar bem claro o motivo pelo qual tanta gente insistiu no assunto.

Se por um lado, ao que vamos sabendo, as agências de rating funcionam na base da especulação e é essa especulação que vai fazer mexer ou não o mercado, por outro lado é necessário que a credibilidade política do Primeiro-ministro seja a melhor para que os cidadãos nele sintam confiança. Se calhar, e ao contrário da desadequada deputada Medeiros, não é muito bom o chefe de governo mentir na Assembleia da República. Se calhar também não é muito boa ideia deixar por esclarecer casos que põem em dúvida a seriedade do seu passado.

As agências de rating podem até ser o maior demónio do mundo. A verdade é que se não houver confiança na governação não há nada a fazer, nem para dentro nem para fora.

28
Abr10

Salavisa

jorge c.

Descubro através do João Gonçalves que o Professor Jorge Salavisa vai ser administrador da OPART, facto que me deixa muito agradado. Jorge Salavisa é um dos homens mais interessantes que passou pela organização cultural do país. É o actual director artístico do S. Luiz e fez deste teatro municipal uma sala honrosa, com elegância e diversidade. Formou públicos e tem hoje os artistas do seu lado e uma casa bem preenchida e com cartaz permanente. Trata-se de competência, compreensão e trabalho, muito trabalho. Um homem a aplaudir.

28
Abr10

longe demais

jorge c.

Acabo de ouvir a declaração conjunta do Primeiro-ministro e de Pedro Passos Coelho. No meio de tanto lugar comum fico com a ligeira sensação que ninguém sabe muito bem o que fazer a não ser encenar uma estabilidade política que todos sabemos que não existe. O problema é político porque é a má política que castra a economia, que impede o desenvolvimento e a estabilidade daquilo que é o grosso do mercado português e que são as PME's. Não podemos aceitar mais desculpas e rodriguinhos. Alguém tem de se responsabilizar.

27
Abr10

Um post pessimista

jorge c.

Em "Portugal e o Futuro" o General Spínola fala na aparência perante os outros. Diz algo como: podemos achar que somos democráticos mas não parece ser isso que os outros acham de nós e que essa aparência deveria ajudar-nos a reflectir sobre o caminho que levamos. Estas palavras caberiam como uma luva nos dias de hoje se adaptadas às circunstâncias. A comunidade internacional parece não estar muito certa da estabilidade da economia portuguesa. O governo, por seu vez, se por um lado parece garantir de forma inequívoca que não há motivos para alarme, alturas há em que mais parece que o que está a fazer é manipulação de dados, escondendo assim a realidade das contas públicas. O cidadão parece já não acreditar em nada nem em ninguém. A opinião publicada está preocupada com casos laterais, e mesmo no Parlamento os deputados estão noutra galáxia. Primeiro-ministro não temos e é Teixeira dos Santos que aparece como o elemento do governo mais próximo dessa figura. O retrato é negro, mas há quem ache que não, sabe-se lá porquê.

27
Abr10

As pessoas que barafustam

jorge c.

As pessoas que barafustam não são uma massa uniforme. Pode haver pessoas que barafustam sem motivos, o que acontece inúmeras vezes, e pode outrossim haver quem barafuste com razão, por colisão de interesses ou, no limite, de direitos.

Porém, a Shyznogud acha que as pessoas barafustam porque não estão tão atentas quanto ela. O problema desta vez é que a Shyznogud ou não leu a notícia toda ou então não estava muito atenta ao pormenor de, a partir de agora, as ambulâncias passarem a pagar estacionamento no IPO de Lisboa.

No IPO do Porto paga-se estacionamento. Se não estou em erro sempre se pagou. Não é isso que me perturba a mim nem às pessoas que barafustaram com esta notícia que especificava o caso concreto das ambulâncias. É que não parece ser lógico que um instrumento de serviço público passe a pagar estacionamento num instituto público, seja meia, uma ou duas horas depois. O princípio está, à partida, errado. Se o Estado providencia um serviço que serve como meio de transporte para outro serviço seu, então está a pagar o quê? Isto para não falar nas corporações de bombeiros que, com cada vez menos meios, ainda terão de desembolsar para fazerem este tipo de serviço.

Se calhar até pode parecer palermice minha, mas a lógica parece ser outra.

26
Abr10

outsider

jorge c.

Aguiar Branco esteve bem no discurso do 25 de Abril, Ferreira Leite esteve bem na comissão de inquérito... Se calhar o problema do PSD é a existência da ideia de líder. Se calhar seria melhor o PSD não ter liderança, de todo.

26
Abr10

A propriedade na esquerda

jorge c.

O discurso de José Pedro Aguiar Branco na sessão solene para celebrar o 25 de Abril na Assembleia da República tem recebido vários elogios dos partidários do bloco central. É natural. Aguiar Branco é um dos políticos que mais representa essa facção. Cheguei mesmo a dizer por aqui que era aquele que, bem compreendido, agradaria mais ao eleitorado tendencial do PSD, não obstante a sua falta de carisma. O discurso tem, no entanto, duas partes. Uma parte destinada a chocar e a confrontar um certo monopólio ideológico e uma outra parte a manifestar uma opção política marcando, ou tentando marcar, o território do PSD. Neste sentido estou totalmente de acordo com o que diz o Pedro Picoito. Uma coisa é tentar provocar o desconforto abrilista perante o conceito de liberdade, outra coisa é procurar a confusão ideológica.

 

O PSD é um partido que não sabe muito bem o que é. Há umas semanas atrás ouvi numa sede de concelhia o Presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Manuel Moreira, dizer que a matriz ideológica do PSD era o centro-esquerda. Eu compreendo que esta conversa de saco seja comum em períodos eleitorais, mas tenho de discordar, lamento. Daí que aquilo que o Pedro Picoito diz em relação aos "conceitos ideológicos" faz todo o sentido.

 

Já em relação à parte da confrontação com o monopólio da revolução, Aguiar Branco tocou num ponto bastante importante que é o paradoxo da liberdade que a esquerda propagandeia. Mesmo na esquerda mais moderna esse paradoxo existe em grande escala. Veja-se o caso da distribuição de preservativos na visita do Papa ou as acusações de homofobia na discórdia com o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esse é, aliás, o tema deste interessante texto na plataforma da direita moderna Modern Conservative. O mal-estar que isto provoca em certa mentalidade é grande porque denuncia uma tendência da esquerda moderna - o emocionalismo burguês na ideologia - e que conhece a sua origem no radicalismo do início do século XX que, felizmente, foi vencido pela sensatez.

 

No fundo, há muita gente que engoliu em seco. E daí se calhar não, tal é a dificuldade em retractarem-se. Estranho tempo este que vive a democracia.

Pág. 1/5

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Um blog de:

Jorge Lopes de Carvalho mauscostumes@gmail.com

Links

extensão

  •  
  • blogues diários

  •  
  • media nacional

  •  
  • media internacional

    Arquivo

    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2013
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2012
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2011
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2010
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D