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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

31
Mai10

contra-candidato

jorge c.

Na mesma semana em que se discutiu um hipotético candidato alternativo à direita, o PS decidiu-se pelo seu apoio a Manuel Alegre. Apesar de ponderado e cauteloso não deixa de ser extemporâneo. Demonstra-se que o PS não tinha nenhuma alternativa, mas que para a esquerda até um burro com uma placa a dizer "candidato" servia para derrubar o seu maior ódio de estimação desde o 25 de Abril: o terrível monstro-conservador Cavaco. Como tal, Sócrates percebeu que o melhor seria apostar neste apoio. Para além disso, a semana confirmou-lhe um certo desagrado em relação a Cavaco. Porém, esse desagrado pode ser falso e o actual Presidente da República pode ser reeleito com alguma folga, como previsto.

Mas, isto dos cenários é coisa para a rapaziada do teatro e do cinema. A realidade e os factos, para já, dizem-nos apenas uma coisa: o apoio à candidatura de Alegre é frágil e só ganhará com o voto útil contra Cavaco. Alegre é um mau candidato, mas isso para o sectarismo é indiferente.

31
Mai10

Grande Porto

jorge c.

Manuel Pizarro dá esta entrevista caricata ao Público onde, entre muitos disparates e pantominices, declara ser favorável a uma fusão das três principais cidades da zona do Porto que incluem a própria cidade, Matosinhos e Gaia.

Manuel Pizarro, como costuma dizer o Dr. Rui Rio em relação a outras questões, está na estratosfera. Só alguém que desconhece em absoluto a identidade destas três cidades pode afirmar algo do género. E isto só para início de conversa. Não faz qualquer sentido afastar as comunidades da sua natureza para as fundir. A identificação com o território é um princípio cultural e civilizacional básico para a maior estabilidade da comunidade.

Com efeito, é em comunidades pequenas e que se identificam com esse território próprio que se encontra a parte substancial da solidificação comunitária. A região do grande Porto pode valer-se como imagem externa como um todo. No entanto, as características individuais de cada cidade é que marcarão directamente o interesse e os pontos de desenvolvimento.

Do ponto de vista administrativo, se já é difícil promover o melhor desenvolvimento de pequenas freguesias espalhadas por estes concelhos, imagine-se numa mega cidade-concelho onde a concentração de poder seria maior, tal como a probabilidade de se deixar as zonas mais pequenas secarem.

O PS no Porto não existe. Como não existe tem estes espasmos para fazer de conta que disse alguma coisa, lançando uma discussão imbecil numa região que precisa de outros tipos de coesão.

28
Mai10

Necessidade e consequência

jorge c.

Vasco Campilho parece estar muito entusiasmado com os resultados de uma sondagem que dá quase maioria absoluta ao PSD. Pois eu não sei se isso será assim tão positivo.

O problema com estes resultados, nesta altura precisa, é que eles evidenciam uma consequência política e não uma necessidade. Se fosse uma necessidade não seria o PSD de Passos Coelho a estar em tal destaque já que, como temos vindo a ver, não obstante a assunção de partilha de responsabilidades que lhe competia, o líder do PSD tem sido calculista no sentido eleitoral. Assim foi com o TGV, assim foi com a comissão parlamentar de inquérito e assim tem sido relativamente a inúmeras matérias das quais se destaca a matéria de impostos.

Ora, nós não necessitamos de um Primeiro-ministro que seja politicamente calculista. Nós necessitamos de alguém que tenha total convicção no que está a fazer e não esteja tão preocupado com o modo de o fazer. Nós necessitamos de firmeza na liderança e não de plasticina política moldável ao sabor das circunstâncias.

Tudo o que acontecer será, então, uma mera consequência das circunstâncias e não uma afirmação convicta da vontade soberana. Será apenas cansaço, o que não contribui em nada para a consciência.

Se o Vasco fica satisfeito pela vitória através do cansaço, eu não.

28
Mai10

A decadência também é moderna

jorge c.

 

A temática pode chatear. Estamos a perder demasiado tempo a falar disto. Mas já vimos a força que a modernidade e o progresso têm num governo à deriva. Em poucos dias a histeria da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo levou os activistas lgbt e alguns lóbistas a saírem pelos media fora e a acelerar o passo daquilo que para eles é o avanço da civilização e o renascer do homem novo. Nem os mais sensatos nesta questão, que costumam ser os calculistas de serviço - "uma coisa de cada vez que é assim que se faz real politik" -, escaparam ao histerismo progressista e fracturante. Encheram o peito com uma suposta vitória e acharam-se em condições de dominar o mundo.

 

27
Mai10

O disparate continua

jorge c.

No início da semana foi Marcelo Rebelo de Sousa. Agora, vem o Dr. Mota Amaral, na sua pose de senador da mula russa, garantir que se deve reduzir o número de deputados por razões "morais e financeiras". Continua-se a fazer política como quem brinca aos legos: tira daqui e mete dali e está resolvido. Não só a proposta está revestida de demagogia centralista como também não faz qualquer sentido no plano de actividade parlamentar como eu já havia referido. Volto a repetir, contudo, que o problema dos deputados não é quantitativo mas sim qualitativo. Se calhar se o Dr. Mota Amaral não estivesse tão preocupado em fazer do congresso do PSD uma espécie de baile de debutante para uma pessoa próxima, poderia muito bem ter discursado sobre a fraca qualidade dos nossos políticos e, em particular, dos deputados. Mas se calhar isso não convém ao presidente da CPI PT/TVI. O Regime tem de sobreviver. Quantos menos forem, melhor é para controlar. Veja lá se as questões "morais e financeiras", assim mesmo entre aspas, não são outras.

 

O descaramento desta gente...

27
Mai10

Hype

jorge c.

Por aqui perde-se a cabeça facilmente com as modas. Modinhas. De repente, de algo extremamente banal faz-se a melhor coisa do mundo. Veja-se o caso desta bandinha que apareceu agora como se fosse a oitava maravilha do mundo – The xx. Não há explicação para o hype. A verdade é que já vimos isto acontecer com um sem-número de outras bandas. A New Musical Express (NME), por exemplo, costuma vomitar listas infindáveis de next big things todas as semanas. Em Portugal, os saloios compram a NME e vão na cantiga. Eu compreendo a falta de tempo para ouvir.

 

Há cerca de dois anos apareceu uma banda chamada Dodos. A sua construção harmónico-melódica era de longe uma das mais interessantes que ouvi nos últimos tempos. A qualidade lírica e a transpiração dos instrumentos fazia renascer o sonho de que alguém faz música por gosto e não para se evidenciar no mainstream alternativo. Em Portugal o concerto nem sussurrado foi. A crítica ignorou. Talvez o NME não lhes tivesse dado atenção. Eu compreendo. Em Portugal passa-se mais tempo a ler revistas e críticas do que propriamente a ouvir música.

 

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