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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

28
Fev11

Uma casa portuguesa

jorge c.

O Pedro Marques Lopes ensaia aqui uma passo doble, mas ele sabe que não passa de uma revienga. A questão que se coloca não é se Rio está ou não melhor preparado que Passos Coelho. O ónus da preparação está no Dr. Passos Coelho. Porque antes de ser Presidente de Câmara, o Dr. Rio foi Secretário-Geral do PSD. É um político com um percurso concreto e objectivo. Já o Dr. Passos Coelho foi líder da JSD e vai dizendo umas coisas que nós ainda não sabemos se vêm da cabeça dele ou não. Portanto, tem muito por provar ao país (não é ao partido, porque já é Presidente). Se calhar, se tivesse sido Presidente de Câmara já lhe conhecíamos algumas qualidades. Assim sendo, só lhe conhecemos a retórica insípida de quem não quer grandes comprometimentos e a instrumentalização das distritais e concelhias para preparar um aparelho. O meu querido amigo repare, por exemplo, que não se conhece qualquer ideia do PSD de Passos Coelho em relação à Europa. O que faz com que qualquer cidadão desconfie quando depois - só depois, já sabemos como é - do encontro de Sócrates com Merkel o Dr. Passos Coelho vier dizer qualquer coisa. Ou seja, é sempre extemporâneo. Em suma, não se trata dos outros vs. PPC. Trata-se, isso sim, de PPC mostrar que tem uma ideia, uma estratégia, uma definição de objectivos que até agora ainda não mostrou. De resto, o que Santana Lopes está a fazer foi o que a entourage de Passos Coelho andou a fazer durante 2 anos à Dra. Ferreira Leite - um vício de família.

 

 

Adenda: apercebi-me agora que o título que escolhi para este post tinha sido utilizado por Vasco Pulido Valente. É evidente que o meu título se refere às zaragatas dentro do PSD e nada têm que ver com o que escreve VPV.

27
Fev11

Not searching for the real thing

jorge c.

Leio por aí que há muitas expectativas no encontro entre Sócrates e Merkel. Nos meios de comunicação social lê-se que os dois encontrar-se-ão para discutir a posição da Alemanha em relação à ajuda a Portugal. Mas ninguém parece querer saber qual a posição de Portugal em relação ao ritmo imposto pela Alemanha em termos fiscais e de crescimento económico. Das duas uma: ou o Governo português não tem uma posição para defender porque não tem força política na UE, ou os media não ligam muito a esse factor, o que me parece estranho já que a comunicação e assessoria do Governo é conhecida pela sua competência. Vou mais pela tese da nossa incapacidade de discutir a Europa com os nossos parceiros.

E se assim é, por que razão não aparece agora o PSD a assumir uma posição forte e consistente sobre a forma como Portugal deve enfrentar aqueles que lhe impõem regras desproporcionais? Como não haveremos de ficar com a sensação de que a nossa governação e a oposição estão a viver noutro universo?

27
Fev11

Joane, o parvo

jorge c.

Acho que já citei Agostinho da Silva quando disse que não tinha a certeza da morte porque nunca tinha morrido. O MEC ficou doido (um aparte). Sei que, se morrer, gostava de ter na minha carteira o número e o nome da Fernanda. Ela diria: "Sim, conheço. Era parvo, gostava do meu tártaro de atum, da minha generosidade e das minhas pernas."

Este poderia ser um post sobre a minha morte. Já a vi, já a subestimei, já a desejei e já deixei de a levar a sério. Mas é um post sobre a Fernanda, sobre o porquê de estar em conflito permanente com ela e de, ao mesmo tempo, a admirar por pensar e escrever aquilo que faz sentido. Pelo menos para ela. Houve um tempo em que, antes do tártaro e das pernas, só havia a minha parvoíce. E foi ai que nos encontrámos. Precisamente. Naquilo que faz sentido. Talvez tenha sido isso que o Gil Vicente quis fazer ver: resta-nos esta forma emocional e genuína de existir num contexto - a nossa salvação. A morte é uma inevitabilidade. Resta-nos gostar de gostar e de não gostar para poder viver em paz.

Cito outra vez o Agostinho, se calhar... "Posto que viver me é excelente, cada vez mais gosto mais de menos gente."

25
Fev11

A música portuguesa se gostasse dela própria

jorge c.

Não me recordo onde ouvi Fernando Tordo dizer que os putos tocam o que ouvem na rádio. Nada mais verdade, se entendermos "rádio" como um símbolo da difusão cultural da época. Tal como eu, milhares de pessoas da minha faixa etária, e até das que estão à volta (permitam-me este exercício de egocentrismo) cresceram sob uma forte influência da cultura anglo-saxónica. Talvez mais do que qualquer outro grupo etário, aquele em que me incluo levou com uma dose grande da cultura popular britânica e americana. A partir desse momento, a expressão cultural, o raciocínio artístico ou a linguagem criativa têm uma matriz não tradicional, exterior ao meio. É natural que assim a expressão se faça nesse sentido.

A minha base cultural é americana. Quando penso em fazer música ou tocar faço-o naturalmente em blues, country ou rock'n'roll. Quando imagino um diálogo para ficção humorística, imagino-o numa língua que não é a minha. Mas quando penso ou escrevo no sentido mais literário faço-o em português. A minha cultura tem, assim, natureza diferente que varia consoante a forma como me chegou o objecto cultural e a qualidade desse mesmo objecto ou o interesse que ele suscita.

Já se tentou de tudo para modificar esta realidade. Normalmente vai-se pela lógica da obrigação: quotas, imposições editoriais ou de agenciamento, etc. Mas a cultura popular portuguesa parece não interessar aos mais novos, àqueles que estão em formação e mais permeáveis à influência cultural. A imposição editorial, por exemplo, não resulta porque para o fazer tem de se ter algum poder (financeiro e de lobby). Em Portugal só o tem quem participa no mercado mainstream que é um mercado com um enorme défice de criatividade, qualidade e inovação. Qual será a solução?

Ontem, pouco antes do Benfica, falávamos de Tiago Pereira e dos seus documentários. "A música portuguesa se gostasse dela própria". É uma frase do João Aguardela (vide vídeo vici) que descreve muito bem a raiz do problema: do preconceito à falta de auto-estudo. Mais tarde, passámos perto do Rock Rendez-Vous e lembrei-me do Aguardela, de como nos faz falta haver referências com essa auto-estima de que o próprio fala.

A importância dos docs do Tiago Pereira está exactamente aqui: na forma como nos descobrimos e reinventamos. É essa a solução.

25
Fev11

Definições importantes

jorge c.

demagogia

(demagogo + -ia) s. f.

1. Preponderância do povo na forma do governo.

2. Abuso da democracia.

3. Dominação tirânica das facções populares.

4. Discurso ou acção que visa manipular as paixões e os sentimentos do eleitorado para conquista fácil de poder político.

 

Também podem ser definições de carácter. A demagogia é uma fragilidade do carácter.

24
Fev11

Das regras

jorge c.

O que se passou em Paços de Ferreira tem interesse geral, como bem afirma o Bloco de Esquerda. O meu amigo RPS costuma dizer que a direita e a esquerda distinguem-se da seguinte forma: a esquerda não gosta da polícia e a direita não gosta de polícias. É bem verdade que a discussão passa sempre por aqui e perde a força do interesse efectivo que tem para a sociedade, mesmo quando se trata de uma questão de direitos fundamentais. Não importa aqui afirmar qualquer opinião sobre o caso em concreto por falta de enquadramento. Não sabemos, em rigor, o que se passou nem ao que estavam autorizadas as forças de segurança do estabelecimento prisional. Depois do inquérito talvez possamos chegar a mais alguma conclusão. Mas, antes, importa sim discutir a relevância deste assunto e por que razão estiveram bem todos os partidos ao concordar com a audição do Ministro da Justiça.

A evolução do direito penal e dos seus vários ramos tem sido muito rápida nos últimos 20 ou 25 anos. Hoje, por exemplo, já não se entende a pena como um correctivo, mas como uma forma de retirar direitos e liberdades. A proporcionalidade é um dos princípios fundamentais nesta filosofia que decidimos adoptar para a melhor satisfação do interesse geral, como salvaguarda dos direitos humanos. Se pode acontecer a um, pode acontecer a todos. Assim, não faz sentido a utilização de instrumentos que tenham como propósito infligir dor para imobilizar. É importante que, dentro daquilo que seja a sua discricionariedade, um agente de segurança saiba agir em proporção.

Com efeito, é este o momento em que partimos para uma ideia mais abstracta: a de que é fundamental que as instituições sejam rigorosas no cumprimento das regras e na sua auto-regulação. Todas as instituições têm uma característica em comum que é ser uma criação da lei. Por conseguinte, estão vinculadas a um conjunto de regras perfeitamente definidas. Logo, a prevaricação será sempre um factor de descredibilização das instituições. E quando falamos de forças de segurança o assunto ganha ainda um peso maior porque se tratam de organismos que têm por objectivo assegurar a segurança de todos os cidadãos e protegê-los ao abrigo da lei. Um estabelecimento prisional não é excepção.

É claro que o meu amigo RPS tem razão na sua distinção. Acontece que quando se trata de avaliar a prestação da polícia não o podemos fazer com essa leveza. Há um bem muito maior a proteger: a segurança de todos, incluindo a da própria instituição. Porque uma instituição descredibilizada é uma instituição desrespeitada e fútil.

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