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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

30
Jun11

O valor da informação

jorge c.

A notícia que vos trago hoje, para que possam apreciar a minha capacidade crítica em relação aos assuntos no geral e em abstracto, traduz um conjunto de maus costumes: nossos, dos jornais e do Estado enquanto elemento administrativo.

Diz, então, o jornal i que o "Governo de Sócrates apagou informação dos computadores". A ânsia do novo órgão do garcia pereira do Sport Lisboa e Benfica de apanhar Sócrates na curva é tal que arriscam a total desonestidade na formulação de uma parangona. Quem é a autora da peça? Tcharan! Filipa Martins! A escritora-comentadora-esquerda-direita-volver mais famosa dos blogs, ou como lhe chamam os companheiros de blog "a nossa Filipa Martins". Enfim, uma jóia de moça sobre a qual faço uma série de comentários pejorativos em privado perfeitamente justificados. Eu, mais logo, irei a um happening, se quiserem apareçam e eu conto tudo o que sei sobre a vida privada das pessoas execravelmente públicas. Adiante.

Se é sabido e informado mais abaixo que esta é uma prática reiterada da máquina do Estado, qual a razão para fazer um título destes? Não há razão, é pura mesquinhez.

Mas, que razão haverá para esta prática absurda do Estado? O Estado não são os executivos. Os funcionários do Estado não são do Governo. A informação não é do Governo, é do Estado. A informação não pode ser assim perdida porque tem demasiado valor. Qual será a quantidade de informação essencial, para e sobre os cidadãos, que se perde negligenciando processos já por si complexos? Não faz qualquer sentido.

Parece que os portugueses têm um problema com a informação. Ninguém gosta de partilhar informação. Saber coisas é uma espécie de my precious como escrevia Tolkien, um autor que nunca poderia ser plagiado pela Filipa Martins. Quem tem objectivos comerciais facilmente compreende que toda a informação deve ser partilhada para que não se torne redundante, inconsequente ou negligente. A informação que fica em nós não tem qualquer valor.

Todo este comportamento tem um toque provinciano, de um país onde, infelizmente, ainda não se aprendeu a trabalhar em equipa, por objectivos e com um objectivo comum. Um país onde, com efeito, se prefere lançar boatos e acusações em vez de questionar o que está, de facto, na origem dos problemas, porque não se compreende sequer essa origem.

 

Adenda: Era obrigação desta notícia esclarecer que informação foi apagada, se profissional, se pessoal. Não o fazendo, eu não posso adivinhar. Portanto, se alguém me quiser esclarecer sobre esse assunto, com conhecimento de causa, eu estou disposto a emendar a única informação à qual tenho acesso que é a de que toda a informação foi apagada.

27
Jun11

Prioridades

jorge c.

Uma figura pública com pouca relevância na cultura portuguesa, mas com elevado mediatismo, teve um acidente de viação. Três dos quatro ocupantes do veículo não levavam cinto de segurança. Dois deles morreram. Um deles morreu. Um segundo - Angélico Vieira - está a passar um mau bocado. A relevância noticiosa do estado da figura pública é pouca. Não se trata de uma figura proeminente da cultura popular, mas de um artista de segunda linha cujo trabalho passa, essencialmente, por vender uma imagem a um target juvenil sem grandes critérios artísticos. Se há relevância, ela encontra-se apenas no factor segurança rodviária. Angélico Vieira constitui, antes de mais, um mau exemplo para os seus fãs.

Poderíamos aproveitar para sensibilizar o cidadão comum para o disparate que é ir num descapotável numa auto-estrada sem cinto de segurança. Em vez disso, há 2 dias que os principais noticiários abrem com a tragédia de Angélico. No mesmo dia em que morreu Salvador Caetano, uma das mais importantes figuras empresariais do país, ou até mesmo nos dias que correm na formação do Governo, só para dar alguns exemplos, a comunicação social portuguesa parece que prefere o registo cor-de-rosa e dramático de uma sociedade pouco esclarecida e desinteressada.

O serviço prestado pelos media neste capítulo é, em suma, popularucho e incompreensível.

26
Jun11

No fundo do mar

jorge c.

Não sei o que está na fronteira entre os sonhos e a fantasia. Sei, porém, que a fantasia é metafórica e que nos ajuda a crescer, a pensar em abstracto, a desenvolver a nossa percepção e os mecanismos para construirmos a nossa própria escala. Poucos são os que, a partir de uma narrativa fantástica, criam um factor pedagógico. A grande maioria prefere a infantilização. Por cá, tivemos a sorte de ter Sophia e José Gomes Ferreira.

Dos sonhos, desse lugar mais utópico de que mágico, ficamos com pouco mais do que uma idealização. O sonho embala as ideias e é, quase sempre, uma pretensão egoísta. Mas, deles podemos tirar uma estética terna, melíflua, ao mesmo tempo que negra e nublosa.

Nas "Histórias da Terra e do Mar", Sophia misturou estes dois universos, sem branduras. Gomes Ferreira fez o mesmo no "João Sem Medo". Até na fantasia existe adversidade e pode haver uma cortina de fumo - um sonho onde descobrimos a claridade. É algures nessa pedagogia que está a tal fronteira tão difícil de encontrar e que nos seduz, que nos leva à música, às letras e à encenação. Ora, não é fácil imaginar o imaginário que já por si só é tão perfeito. Representar qualquer um destes autores torna-se uma tarefa hercúlea.

Podemos, contudo, juntar dois ingredientes improváveis e fazer do imaginário uma representação fiel da fantasia e do sonho, recorrendo ao mais belo dos minimalismos. Foi precisamente este espectáculo que o Teatro S. Luiz montou, de forma muito feliz, com Bernardo Sassetti e Beatriz Batarda.

É como um bailado entre os dois universos. A irreverência ternurenta de Batarda contando a história da Menina do Mar, alimentando a fantasia, dizendo todas as palavras e todas as onomatopeias com a fragilidade e a delicadeza que isso importa. A cortina de sonhos enrolados e escuros como um coral sombrio no fundo do mar que nasce dos gestos leves de Sassetti - um nevoeiro constante que mistifica a rotina - desnorteia-nos e adormece-nos o adulto.

Às vezes temos a sorte de encontrar estas conchas com pérolas que iluminam a nossa memória, e voltamos a ser o rapazinho que em frente à janela fantasiava os sonhos nas árvores, nas casas, nas pessoas, nos carros. Talvez fosse isso que Pessoa quisesse dizer com "os beijos merecidos da Verdade".

23
Jun11

O direito a copiar

jorge c.

Nunca copiei na vida. Minto. Copiei duas vezes. E quando digo copiar, digo copiar a sério, uma pergunta inteira (copiar não é perguntar para o lado). Tive sempre por princípio nunca copiar. A minha verdadeira luta era o estudo em si, eu tinha de ultrapassar a preguiça e o pretensiosismo e limitar-me a marrar, coisa que acabei por nunca fazer, vencendo o curso por cansaço após dez longos anos.

Mas, lembro-me perfeitamente das duas vezes em que copiei. A primeira a História do Direito Romano, curiosamente por uma amiga que hoje é magistrada. A pergunta era sobre os expedientes do pretor, qual seria o aplicado naquele caso tão literariamente bem descrito pelo excelentíssimo Prof. Dr. Vieira Cura. Eu tinha 18 anos, era Janeiro e a última coisa que me apetecia fazer na altura era estudar História do Direito. Em rigor, era estudar o que quer que fosse. Lembro-me perfeitamente: ob fraudem creditorum, era este o expediente. Acabei por chumbar na segunda frequência porque em vez de um professor que lê o jornal nos exames tinha um inspector da Pide a vigiar. Lá se foi a Lei da Boa Razão. Mais tarde tive de fazer uma oral que me haveria de marcar para sempre, onde subi 8 valores. Seria, na altura, o maior especialista de todos os tempos em História do Direito.

Da segunda vez, havia chumbado 3 vezes a Direito Fiscal, uma das cadeiras mais desadequadas à realidade que alguém pode ter na vida. Temos de fazer um exercício de IRS, mas ajudar-nos a compreender o preenchimento do Modelo 3, que hoje dava tanto jeitinho? 'Tá quieto, ó malandro! Que é como quem diz Ó Dr. Rui Morais, excelente pessoa, provavelmente uma cabeça Fiscal, mas um péssimo professor. Fui a duas aulas. Acabaria inevitavelmente por copiar num dos exames por já estar cansado de chumbar sem sequer entender porquê. Levei uma pergunta feita de casa, mas em vez de a decorar levei-a escrita. Devo desde já dizer que sou a pior pessoa a fazê-lo. Tremia que nem varas verdes. Ainda hoje me lembro dos parágrafos que, por medo de ser apanhado, acabei por decorar. Dupla tributação internacional. Há gente para tudo nesta vida.

Tive, a certa altura, um professor que dizia que copiar era um dever académico. Ele lá teria a sua teoria. O soundbite era giro, os alunos ficavam todos contentes e aprendiam a amá-lo para sempre. Ficavam todos amigos. Na sua cadeira era frequente toda a gente copiar, quase sem necessidade. Seria fácil fazê-la. Foi assim que resolvi não copiar no exame em que até a croma gorda de óculos e com a cara em obras desde 1986 o fazia sem medo. Tinham todos de 15 para cima, eu tive 11. Mas, hoje, por causa de Álvaro Domingues e David Byrne, sei mais de Urbanismo do que qualquer outro cavalheiro que sentou o cu naquele exame e dispensou a cadeira com 18 copiando todos os lugares comuns que se escreviam naquelas sebentas. Copiar deve ser, essencialmente, um último recurso, um acto de desespero, e não uma tradição. Mas, não quero ser moralista. Longe de mim. Fui eu que andei lá 10 anos.

O Direito é um curso chato que exige muito sacrifício de estudo. São inúmeras figuras e relações jurídicas interligadas em processos complexos e repletos de excepções. Na vida comum de um jurista, ele terá sempre de consultar tudo e mais alguma coisa.

Há uns anos, um director de curso da faculdade, por mera demonstração de poder (um pobre coitado que tinha ficado com o lugar que já ninguém queria ocupar) resolveu proibir os post-it's nos códigos. Para quem não conhece o procedimento, é algo muito comum nos nossos cursos. Os post-it's e os marcadores ajudam-nos não só a identificar as secções e artigos específicos como também a organizar o estudo. Muitas vezes deixávamos siglas para distinguir uma ou outra figura. Ninguém morria por causa disso. Mas os moralistas acham sempre que os copiões andam aí, contra os não-copiões que se esforçam muito para decorar uma merda de uma figura no meio de um código com pouco mais de 2327 artigos. A vida de qualquer jurista passará, essencialmente, por tomar notas, verificar, voltar a estudar e a procurar, organizar-se com post-it's ou com qualquer outro método. Ninguém passa a Obrigações por decorar ou copiar, mas antes por compreender a realidade e o mar de possibilidades numa relação subjectiva. É isto que, acima de tudo, faz um bom jurista. Cabral de Moncada dizia, citado nas primeiras páginas do manual de Sebastião Cruz, que um bom romanista era um bom civilista e que um bom civilista era um bom jurista. Nesta sequência, para mim lógica, reside toda a verdade de um curso de Direito.

Não me querendo alongar muito mais na volatilidade do copianço, o que aconteceu nos exames do CEJ não é nada de extraordinário, nem nenhuma novidade. A grande maioria dos alunos copia. Mas, como diz o chavão do professor/empregado de mesa: "podem copiar desde que não sejam apanhados". Estes foram. E, como tal, devem ser punidos exemplarmente. Mas não se faça disto um drama nacional. Deixem-se de moralismos e superioridades fúteis. Sentem o rabo num exame do Prof. Horster e sintam o mundo desabar na vossa cabeça por causa de um artiguinho que não encontram ou de uma notinha de rodapé da qual não se lembram e que vos fará chumbar com um 9 redondinho depois de um mês de estudo intenso. É tudo um jogo. Ninguém sabe mais ou menos por causa disso.

22
Jun11

As nossas mulheres

jorge c.

Há, nos últimos dias, mais um tipo de conversa que a-d-o-r-o: as mulheres na política. De repente, com a eleição de Assunção Esteves, parece que voltou aquele velho chavão feminista serôdio de que "mulheres na política é que é". Contra a opressão, diz a própria Assunção Esteves.

É um tipo de conversa que me enjoa por ser redutor e por não avaliar aquilo que de facto é essencial. Na política quero pessoas competentes. Pouco me importa que sejam homens ou mulheres. O que não quero é que sejam colocadas pessoas em cargos por causa do seu género, independentemente de qual seja.

Se há algum problema com as mulheres na política é, muitas vezes, a sua pouca mobilização. É claro que a sociedade continua a ser sexista, não é isso que está em causa. Até há uns anos atrás, em média, as mulheres recebiam menos 30% do que os homens para ocupar um mesmo posto com a mesma responsabilidade. Isto sim, uma preocupação.

No meu universo pessoal, por exemplo, encontro mais mulheres a dizer que não gostam de discutir política do que homens. Não é significativo, mas ajuda-me a compreender que, acima de tudo, é um problema cultural, venha ele de onde vier. A luta parte das mulheres, é um facto. Mas não pode passar pela vitimização e a espera de que umas quotas resolvam um assunto, que está a montante, para devolver a dignidade do género. É uma absoluta falta de noção da vida no geral. Causas fracturantes, com toda a tonalidade do desprezo que a expressão possa ter.

22
Jun11

Ah! os independentes, os independentes!

jorge c.

Como quase em tudo, nunca usamos da adequação quando nos colocamos numa postura crítica sobre o que quer que seja. Com os independentes a história repete-se. Por um lado há os que acham que a política deveria ter mais independentes, em contraponto a esses bandidos dos políticos. Por outro, temos os que acreditam que só alguém com um certificado de habilitações políticas pode ser parte integrante do regime político-partidário.

Ser independente em política não é uma característica, por si só, positiva ou negativa. As pessoas, no geral e em abstracto, ou têm capacidades políticas ou não têm. Ser independente significa apenas que não se tem uma ligação partidária formalizada. Isto não é bom, nem é mau. Acontece que há pessoas que não querem ter essa ligação. É um direito que lhes assiste. Contudo, dispõem-se a exercer cargos políticos porque, em rigor, têm capacidades que operam nesse sentido. Ou pelo menos, supõe-se que têm. Porque não faz qualquer sentido alguém que não tenha uma dimensão política exercer um cargo que é, por natureza, político.

A conversa dos independentes, no sentido positivo, tem o toque da demagogia, da preponderância popular. Já no seu sentido mais negativo, ela ganha contornos de sectarismo e de clausura partidária. Ora, isto não faz qualquer sentido. A actividade política exige características que têm que ver em exclusivo com a sua natureza, não obstante os seus actores não terem obrigatoriamente de estar vinculados a um partido. Seria simples compreender, não fosse a má vontade.

19
Jun11

Publicidade, comunicação e concorrência

jorge c.

Acho que nunca discordei do Paulo. Mas há sempre uma primeira vez. O Paulo é o génio da sensatez. Aprendo sempre que ele escreve e muitas vezes aqui me denunciei. Acontece que desta vez não consigo encontrar uma linha de convergência, mesmo que, porém, não possa dizer que discordo. Assumo, assim, que pretendo discutir, tendo a consciência que posso não estar a ver totalmente a fotografia (the big picture, como se diz no estrangeiro), tentarei ser breve expondo a minha perspectiva.

Segundo compreendi, o Paulo não acha correcto que um jornal subverta o sentido da publicidade transformando-a em notícia. Estaremos todos de acordo. É uma regra. Não falaremos, por ora, do dogma. Também não falaremos já de outras questões de concorrência que poderão ser mais ou menos relevantes. Não concordo que se compare o incomparável, muito embora estas questões, e de uma forma pragmática, se possam considerar relevantes. Vamos à questão de princípio.

O objectivo desta rubrica é, pelo que nos é dado a entender, explorar a dimensão da marca portuguesa num sentido amplo. Para tal utilizam o formato da entrevista de uma personalidade, dir-se-ia insuspeita. Temos aqui 3 factores: uma entrevista, uma personalidade e uma marca. Temos como evidente (por uma questão de princípio) que um formato jornalístico está a ser usado para publicitar (sentido amplo) uma ou várias marcas (poderíamos dizer produtos ou empresas). Também por uma questão de princípio, e a olho nu, achamos que aqui existe a tal subversão de que falávamos. As coisas confundem-se e geram confusão. Até aqui, de acordo.

A entrevista tem um contexto que é a rubrica. A personalidade aceita. A marca promove-se. Facto. Também será facto a marca não se deixar apenas promover. Vamos então a um ponto fundamental que deixámos lá atrás. A marca faz-se promover. Será isto um problema de concorrência e igualdade de oportunidades ou igualdade de tratamento nos meios de comunicação?

Todos temos, hoje, noção que as marcas ou certas entidades se promovem através da comunicação que é produzida por agências especializadas nos media. Estas companhias têm um âmbito de negócio baseado na influência. Sabemos que um conjunto significativo de notícias é produzido por estas, seja a sua temátia política, económica, cultural, outra, não sabe/não responde.

Tudo o que é marca deseja promover-se. Essa promoção não parte única e exclusivamente da perspectiva comercial, apesar de ser este o seu ponto de partida e, fudamentalmente, a sua finalidade (o lucro, para sermos mais exactos, e nada contra, pelo menos daqui de onde vos escrevo com amor). Ela pode partir, também, de uma necessidade de divulgar características fundamentais ao bem comum. Coloca-se, aqui, antes, a questão do acesso aos meios. Uma empresa familiar não terá os mesmos meios que a Jerónimo Martins ou a Sonae, no sentido em que as vantagens que apresentam são, em quase tudo, semelhantes. O interesse noticioso não poderá ser diferente. Acontece que o crescimento económico de determinada empresa fá-la ter capital para comprar um serviço de influência, não o meio de comunicação em si. Podemos, portanto, estar a falar de uma concorrtência desleal por factores de monopólio.

Contudo, acredito que antes deste ponto existem outros factores de monopólio e consequente deslealdade de concorrência mais influentes no comportamento do consumidor, como sejam os preços e o seu tratamento. Nada disto implica que não se tenha um tratamento noticioso equivalente. Acontece apenas que um media tem o direito de ser influenciado. E aqui não estamos na orla da publicidade, mas sim da influência.

Poderia ter resumido tudo isto ao seguinte: a comunicação de uma característica comercial não é obrigatoriamente publicidade. A publicidade é paga. Haverá mecanismos para investigar sobre a legalidade desta comunicação que aparenta publicidade. Poderíamos até considerar que estamos perante publicidade indirecta. No entanto, teríamos de questionar antes a legitimidade das agências de comunicação que promovem e influenciam junto dos órgãos de comunicação os seus clientes. Clientes que pagam para ter eficácia comercial.

Este é um tema de discussão e não de impulsão. Reforço, agora, a problemática do dogma. Em Portugal temos uma linguagem assumidamente dogmática em relação às entidades privadas. Encaramo-las como monstros subversivos. Mas, esquecemos que muito do seu sucesso passa por despender recursos para conseguir 5 minutos de atenção. Não questionamos a companhia de teatro ou o dirigente partidário que tem um amigo próximo numa redacção, mas iremos certamente questionar o capitalista que tenta influenciar, só porque tem um capital evidente. Tudo é mera influência.

Como se diria nos meandros do Direito: Quid iuris?

 

17
Jun11

Nos olhos de Wenders a cabeça da Bausch

jorge c.

 

 

Procuramos sempre alguma coisa. Um telemóvel, uma cerveja, uns trocos, uma palavra, uma linguagem, um amante, a memória, a vida, a morte. Em cada momento da nossa procura o nosso corpo reage. Pina Bausch procurava a expressão do corpo, a reacção do corpo e a criação da linguagem que o corpo pode exprimir em reacção à procura. Mas não é da Bausch que quero falar e sim de Wenders.

Apaixonei-me por Wim Wnders há muitos anos quando o encontrei na sua História de Lisboa (prefiro a tradução literal). Fiquei viciado no discurso de Winter, no seu realismo sobre a arte e sobre o homem, aquele fool on the hill. Desde então não parei de o visitar para trás e para a frente. Porque Wenders também procura a reacção e aquele silêncio intimista que está na inquietação dos homens e tudo o que os faz reagir.

Nunca esperei vê-lo em cima do palco a filmar para 3D cada gesto, cada movimento que vivia desenhado na cabeça da Bausch. Foi como um bailado perfeito entre os dois. Agora, ali mesmo à nossa frente, mesmo no último dia de exibição, estava tudo isso perfeitamente filmado e documentado para sempre. Para nós, como quem diz: tomem o pormenor que nunca puderam ver.

Obrigado.

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