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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

21
Out13

esta gente

jorge c.

Num país com outras regras, Cavaco Silva já não seria Presidente da República. As suas declarações sobre o compasso de espera para o pedido de fiscalização revelam o desprezo que tem pela sua magistratura e pela responsabilidade que tem sobre a Constituição.

Tirando meia-dúzia de tolinhos, já toda a gente percebeu que não há Presidente da República. Há um contra-presidente, um não-ser, um mono de covardia e falta de sentido de Estado.

10
Mar11

Um ponto a seu favor

jorge c.

Há algo que ressalta do discurso do Presidente, como já disse. Esta tomada de posse mostrou que sabemos que neste momento o PR será um desbloqueador de crise política na eventualidade de ser inevitável afastar o Governo. Isto porque o PR marcou bem uma posição ao avisar o Governo sobre a forma como este deturpa a realidade.

Analisar as palavras de Cavaco passa muito por perceber a acção de Sócrates. É que apesar do ruído dos socialistas, o mandato anterior começou com uma vontade de cooperação por parte do PR, vontade essa que foi ridicularizada e que é agora choramingada pelos próprios, na figura de Francisco Assis. Esta posição dos socialistas em relação a Cavaco é essencialmente hipócrita. Antes de Cavaco começar o primeiro mandato já os socialistas lhe viravam a cara.

Fará, assim, algum sentido a agressividade política de Cavaco? Julgo que sim. Estamos a falar de um Governo que negou a crise financeira através do seu Ministro da Economia quando ela estava a explodir; um Governo que logo depois de falar em recuperação iniciava um novo plano de austeridade; um Governo que não assume responsabilidades quando confrontado com as exigências da política europeia a que está vinculado. Estas questões não são de menor importância. Se não é possível falar da crise nacional sem mencionar a internacional, tal como foi repetido ontem até à exaustão e foi motivo suficiente para os socialistas chamarem antipatriota a Cavaco, também não é possível colocar Portugal num cenário de crise internacional sem responsabilizar a sua governação.

Posto isto, é evidente que o PR tem de assumir uma postura dura e crítica em relação ao Governo mesmo que, no limite, isso implique uma medida mais drástica. Ontem ficou mais ou menos claro que é esse Presidente que temos.

10
Mar11

Um discurso curto

jorge c.

Confesso que tenho alguma dificuldade em perceber o que se passou hoje na tomada de posse do Presidente da República. O ruído e o spin que se fizeram sentir durante o dia abafaram um pouco a natureza do discurso e até, de certo modo, a sua forma.

Não restam dúvidas que é um discurso amargo e crítico. Mas é evidente que o Presidente da República é um órgão de natureza política e que a sua posição é - isso mesmo - política. Deve sê-lo, principalmente num período de alguma instabilidade institucional e de descontentamento social. O PR deve mostrar que a sua função tem uma ideia política e força que lhe dê eficácia. Resta saber se essa posição foi assertiva.

O discurso de Cavaco Silva centrou-se nas dificuldades económicas que o país atravessa. Não obstante a responsabilidade das governações na situação económico-social, também não se pode empalidecer a influência e o peso que a economia internacional, nomeadamente as políticas europeias e os mercados secundários, têm na nossa realidade. Cavaco não assume este facto. Não o fez em campanha. E este é um problema da soberania, logo, o Presidente não pode esconder isso no seu discurso quando a sua preocupação é o país como um todo.

Julgo que lhe faltou alguma sensatez, o que condiciona o impacto de uma chamada de atenção ao Governo, passando apenas por mau estar institucional ou até mesmo guerra aberta. Não podemos esquecer que a execução orçamental tem de ser um dado adquirido. E esse equilíbrio não foi manifestamente conseguido.

20
Jan11

Figadeira

jorge c.

Sócrates: um Presidente não deve falar em crises políticas.

 

Não foi o único a referir-se ao tema nestes termos. Tal como Sócrates, há uma certa mentalidade que parece não compreender muito bem as funções da Presidência ou só as compreende quando é conveniente. À conveniência em matéria de princípios chamamos relativismo - uma velha tradição francesa da qual o socialismo europeu é particularmente fã. Ou refém.

Mas, regressemos ao tema e ao argumento falacioso. O Presidente da República pode e deve falar em crises políticas, principalmente quando elas estão latentes e a objectividade e a segurança institucionais são demasiado importantes para que o Estado não caia em desgoverno. Há crises políticas bem mais graves do que a dissolução da Assembleia da República.

Assim, compete ao Presidente da República mostrar que não se demitirá das suas responsabilidades num cenário de crise política (que pela Europa fora parece ser uma realidade cada vez mais presente) e ao mesmo tempo tentar evitar que ela aconteça cooperando com o Governo para o interesse nacional. Ora, se o Governo não se mostrar cooperante para o interesse nacional e tiver uma narrativa diferente do resto do país, é natural que nessa altura o PR actue em conformidade. Parece-me uma realidade política mais do que óbvia e legítima.

Tentar evitar uma crise política e saber o que fazer no caso dela se tornar inevitável não são dois discursos desconexos e incongruentes. Muito pelo contrário, são o mesmo discurso - o da responsabilidade e do conhecimento das funções da Presidência.

 

Agora sim, estou a fazer campanha e a falar de matéria eleitoral.

22
Jun10

Sobre a suposta polémica de Cavaco

jorge c.

Sejamos claros. Saramago não é apenas uma figura do universo literário. Teve também uma importância fulcral no debate político e foi um interveniente activo, um agente provocador e muitas vezes foi infeliz nas suas declarações. O Presidente da República tem um cargo político e como tal deve ter a possibilidade de optar e não compactuar com questões que considera contrárias aos seus princípios, sem hipocrisias.

A polémica gerada em torno deste episódio revela a incapacidade transversal de discernir entre as diversas circunstâncias.

No entanto, sou da opinião que a relevância de Saramago na língua portuguesa é superior à sua intervenção política e que é nessa qualidade que o PR deve representar o Estado. Foi uma opção que julgo ter sido errada, mas não suficiente para tanto vuvuzelamento.

 

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