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O que irrita nos efeitos especiais do cinema é a falta de criatividade. Ignorando em absoluto a forma de escrever um bom argumento, montar uma história interessante ou ter actores a sério, muitos realizadores têm enchido filmes com efeitos especiais sem qualquer finalidade que não a da espectacularidade. Vende-se a emoção com uma grande explosão. Mas a emoção não está lá porque falta o actor, o argumento ou o mais pequeno vestígio de genuinidade.
Quando ontem, poucos minutos antes do início do 45º Super Bowl, Christina Aguilera subiu ao palco para cantar o Star-Spangled Banner (o hino americano) levei as mãos à cabeça e pensei: mas onde é que estes gajos têm a cabeça? O que eu não contava é que fosse ainda pior e, num número American Idol goes to Cabaret para o Convento passando pela Broadway, Aguilera destruísse um dos maiores motivos de orgulho dos americanos. Informaram-me que o comentador da Sporttv se dizia arrepiado, o que deverá bastar para eu não ter de explicar por que razão vi o jogo na ESPN.
A espectacularidade que os americanos tentam imprimir a cada momento da sua vida levará a que um dia nada reste para além dos efeitos especiais. Lessons to learn.
Tive um treinador que nos dizia que há mil formas de fazer um ponto. O nosso objectivo era descobri-las e reinventá.las para surpreender sempre o adversário. Nessa altura, o pavilhão enchia aos fins-de-semana, ouvia-se cantoria das bancadas e choviam moedas em direcção ao árbitro. A Académica* discutia resultados ao mais alto nível e isso reflectia-se nas camadas mais jovens que idolatravam os seus seniores. Ah, e havia um factor fundamental no meio disto tudo: as miúdas do vólei são sempre as mais giras.
O que falta às modalidades, hoje, é esse entusiasmo. O entusiasmo não existe sem formação de públicos, resultados e muitos miúdos.
O que a Sarah Saint-Maxent está a fazer nesta crónica semanal é, por isso, de louvar. Promover uma modalidade numa região onde uma equipa e uma escola de formação são quase uma miragem é uma tarefa hercúlea. Acresce a tudo isto o prazer com que estas crónicas são escritas, como se estivéssemos a falar de uma prática desportiva bem reputada por estas bandas. O que a Sarah está a fazer, portanto, é uma das mil formas de marcar um ponto, esforçando-se por se reinventar todas as semanas.
A seguir, de perto, todas as sextas no blog do programa Minuto Zero.
*Associação Académica de S.Mamede
Kelly Slater venceu o Rip Curl Pro Portugal. Aos 38 anos, o surfista da Flórida continua a ser, para mim, um exemplo de atleta. Manobrar uma prancha não é uma tarefa fácil. Há quem passe anos a tentar atingir uma execução técnica perfeita. Mas Slater já o fazia aos 16 anos e desde então tem aproveitado para se divertir.
Está de volta a liga de futebol americano. Depois de uns meses de pausa, a NFL regressa e com alguns resultados surpreendentes. Ainda é cedo, mas já dá para fazer algumas previsões de como começará este ano. Centremos, para já, as atenções nos Saints, vencedores do Super Bowl. A equipa mantém-se praticamente a mesma, o que, depois de um campeonato consistente e coeso como o do ano passado, é um excelente sinal. Mas, este primeiro jogo foi um jogo de azares para a equipa de New Orleans, com as lesões. Uma derrota sofrida, mas ainda assim um jogo espantoso, de grande resistência e dedicação. Arrisco dizer que em New Orleans a glória chegou para ficar e teremos mais um bom ano de football*.
Os especialistas parecem mais apostados numa “época dos Cardinals”, apesar de alguns problemas de balneário, nomeadamente em relação a Matt Leinart. É uma equipa forte, sem dúvida, mas o football é um desporto de persistência e consistência. Sem uma equipa solidária e disposta a morrer em campo é muito difícil chegar à grande final. Quanto aos Giants e aos Steelers, já se sabe, começam sempre as épocas galvanizados com grandes vitórias e depois é sempre a descer.
A liga poderá ser acompanhada durante todo o ano na televisão por cabo, no canal ESPN. Com paciência irei falando dela ao longo do ano. Só podemos dizer “thank you, cable”!
*Refiro-me assim para não provocar confusões.
Havia começado tão bem, o fim-de-semana, e estraga-se com um Domingo de tristezas desportivas. Primeiro o playoff de volley entre o Benfica e o Espinho. Pavilhão com bastante gente, ambiente simpático e uma diferença de 2 para 1 nos jogos anteriores. O Benfica não conseguiu responder à grande qualidade do Espinho (o Maia há-de ter 70 anos e ser o maior) não só por falhas claras na recepção como também pela falta de referências sólidas na equipa, de jogadores experientes e conhecedores das manhas do jogo. Uma derrota justa que só dá que pensar na forma de gerir estas modalidades. É importante ter jogadores com um porte atlético forte, mas também é preciso ter jogadores tecnicamente evoluídos e consistentes.
Depois o futebol. O Porto - Benfica deste Domingo foi um dos melhores clássicos a que se assistiu nos últimos anos, talvez o mais equilibrado e mais propenso a golos. O Porto foi mais frio e soube tirar vantagem de algumas fragilidades imediatas do Benfica. Marcou e não baixou o rendimento. Depois de um golo extraordinário de Bellucci não há nada a dizer senão admitir o mérito da vitória do Porto. Não deixa de ser um jogo equilibrado em que qualquer um poderia ter ganho. No caso, ganhou quem concretizou. Mas o Porto tinha uma motivação mais forte que era libertar uma raiva contra a época do Benfica. Não que seja um bom motivo para jogar futebol, mas é válido e pelos vistos resulta. Eu, ainda assim, prefiro quando as equipas jogam para ganhar e não passam um ano inteiro a jogar contra outro clube.
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