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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

20
Jan13

O desafios de Rui Moreira

jorge c.

A eventual candidatura de Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto deixa a cidade a respirar um pouco de alívio e o PSD num grande sarilho.

Para já, Rui Moreira tem o apoio inequívoco de grande parte do eleitorado de Rio e terá, muito provavelmente, um efeito positivo num espectro político amplo, podendo ir buscar retorno, até mesmo à esquerda.

Porém, não conhecendo a estratégia de Moreira, corre-se o risco de criar uma expectativa tão alta, que a desilusão pode ser devastadora, tal como aconteceu ao próprio com Fernando Nobre, se a memória não me falha. É que Moreira não é um político. E como todos sabemos, os cargos políticos devem ser ocupados por pessoas que não tenham qualquer prurido com a designação e funções, algo frequente nos independentes que, por qualquer deficiência cognitiva, acreditam no seu valor supra-político. No fim, como sabemos, acaba tudo em auto-destruição da candidatura.  

Outro desafio que se coloca a Rui Moreira chama-se Luís Filipe Menezes. Será que Moreira está pronto para receber os ataques miseráveis de Menezes, o ruído de campanha, o populismo, a falta de educação, o não-debate e todas as mesquinhices que Menezes vai dizer ao longo dos próximos meses? É uma prova a que poucos se prestariam. Menezes é aquele tio bêbado, dos encontros de família, que aparece sem ser convidado e insulta a família toda mas, já ninguém tem coragem de o pôr no sítio porque a vida já dá chatices suficientes para nos estarmos a inquietar com um tolo.

Ainda assim, a questão que Rui Moreira terá de se colocar a si próprio é outra. Estará pronto para ser presidente da mais extraordinária e identitária cidade portuguesa?

21
Abr12

A infantilização dos movimentos sociais - o caso da Fontinha

jorge c.

A indignação tem a perna curta. Entre outras coisas, a democracia vive, essencialmente, de debate e decisões. Nada se faz, em política, sem debate e decisões. Podemos admitir que há boas e más decisões, mas se estas foram tomadas a partir do debate, então devemos ser mais lúcidos e aceitar as regras do debate. As eleições são o corolário do debate. Uma sociedade democrática vive desta dinâmica. É claro que aceitar as regras do debate não significa deixar de debater. Mas, a indignação raramente está no factor nuclear da discussão e sempre num universo paralelo dominado por emoções e subjectividade.

Vem isto a propósito da polémica mais recente no Porto, da escola da Fontinha. Até há um mês atrás, ninguém fazia ideia do que era a escola da Fontinha. Até há um mês atrás, 99,9% dos portugueses não fazia ideia, sequer, onde ficava o bairro da Fontinha. Portuenses inclusive. Mais: morei no Porto 20 anos, trabalhei no sector cultural e fui freguês de muitos equipamentos. Durante anos, a sociedade civil portuense não fez um caralho - zero, nicles batatóides, rien de rien - por qualquer coisa que fosse. O Porto foi, durante um período longo, uma cidade culturalmente falida e sem mobilização social. No dia em que a Câmara Municipal do Porto resolveu fechar a torneira, a indignação saiu à rua. Como em tudo, há os que gritam e há os que aproveitam a oportunidade para fazer acontecer. Muita gente fez acontecer e o Porto é, hoje, uma cidade diferente do que era em 1997, por exemplo.

Não conheço os pormenores do caso da Fontinha. Acompanhei, pouco, através do Porto24. E tive o cuidado de ler o comunicado da CMP. Todos os movimentos sociais são louváveis. Mas para que estes movimentos possam actuar sobre bens sujeitos a um conjunto de regras, nomeadamente bens patrimoniais (móveis ou imóveis), é necessário que se constituam numa figura com personalidade e legitimidade jurídica, de forma a que, como qualquer outra pessoa singular ou colectiva se sujeite às mais elementares regras democráticas, para sua própria segurança e para segurança de todos nós. Nenhuma sociedade democrática (seja ela vista da perspectiva que for) vive apenas de direitos. Quem achar o contrário tem um problema com o sistema, em si, e não com uma ou outra regra em particular. A sua discussão, então, é outra. 

Posto isto, e ainda que tendo feito cumprir a lei (e muito bem) a CMP não pode ignorar as consequências de um trabalho que redesenha uma realidade social e que tem o apoio de uma comunidade inteira. Não estando esta comunidade representada por uma figura oficial, deve, então, a CMP ser a representante dessa comunidade e tentar perceber como é que se passa a um patamar de cooperação. Alegar que há "um projecto" em vista, é ignorar e violentar a iniciativa popular. Esta intransigência de Rui Rio faz dele um autarca menor do que aquilo que poderia ser. O Presidente da CMP não sabe dialogar, debater e cooperar. Para além do já conhecido vaidosismo dos autarcas portugueses, que gostam de ser sempre eles os protagonistas, Rui Rio é intransigente e isso pode prejudicar a harmonia social e o consequente desenvolvimento local.

Esta intransigência parece que é um vírus. O movimento ES.Col.A achou que não tinha nada que negociar nada, nem de ceder a nada e, como estavam a fazer o bem, tudo lhes era permitido. Curiosamente, Breivik ainda pensa assim. Seja no homicídio, no roubo, na fraude, na apropriação indevida, no testamento ou nos contratos de trabalho, a lei existe para que nos possamos proteger de eventuais abusos de direito. Ao ignorar a lei, o movimento ES.Col.A desprotegeu-se e perdeu toda a legitimidade para reivindicar o que quer que fosse.

Há, nesta história, várias pontas por onde pegar. São problemas de harmonia social que, numa altura de crise económica e social, disparam. As emoções tomam conta do discernimento e uns passam logo a extrema esquerda e outros a fascista. Uns antes de reivindicar e discutir já estão de pedra na mão e os outros de cacetete. Tudo isto é lamentável e um sinal claro de que ninguém se quer entender. Cambada de gente mimada.

31
Mai10

Grande Porto

jorge c.

Manuel Pizarro dá esta entrevista caricata ao Público onde, entre muitos disparates e pantominices, declara ser favorável a uma fusão das três principais cidades da zona do Porto que incluem a própria cidade, Matosinhos e Gaia.

Manuel Pizarro, como costuma dizer o Dr. Rui Rio em relação a outras questões, está na estratosfera. Só alguém que desconhece em absoluto a identidade destas três cidades pode afirmar algo do género. E isto só para início de conversa. Não faz qualquer sentido afastar as comunidades da sua natureza para as fundir. A identificação com o território é um princípio cultural e civilizacional básico para a maior estabilidade da comunidade.

Com efeito, é em comunidades pequenas e que se identificam com esse território próprio que se encontra a parte substancial da solidificação comunitária. A região do grande Porto pode valer-se como imagem externa como um todo. No entanto, as características individuais de cada cidade é que marcarão directamente o interesse e os pontos de desenvolvimento.

Do ponto de vista administrativo, se já é difícil promover o melhor desenvolvimento de pequenas freguesias espalhadas por estes concelhos, imagine-se numa mega cidade-concelho onde a concentração de poder seria maior, tal como a probabilidade de se deixar as zonas mais pequenas secarem.

O PS no Porto não existe. Como não existe tem estes espasmos para fazer de conta que disse alguma coisa, lançando uma discussão imbecil numa região que precisa de outros tipos de coesão.

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