Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

24
Abr11

Vai ficar tudo bem

jorge c.

 

Sou um péssimo católico. Gozo com a religião, sou subversivo e já espetei uns belos pares de bandarilhas no cânone. Não acredito numa relação obstinada com a religião. Até porque a minha relação não é com a religião, mas antes com a sua natureza.

Não é muito cool um gajo acreditar em Deus. Ontem, um amigo ficou muito surpreendido quando lhe disse que acreditava. Como é que um tipo explica isto? Pá, é assim a vida, as far as i can see, mais vale uma pessoa acreditar, não vá o Diabo tecê-las. Ou como dizia um amigo meu: "acredito porque acredito". Sem mais porquês, é uma convicção sem precisar de provas em saquinhos de plástico ou comprovativos científicos assinados e carimbados por individualidade credível dentro de outro cânone. Outros credos.

É claro que isto leva-nos à descredibilização. Hoje o problema de um crente não é a imposição da fé, mas antes a própria fé. Chateia as pessoas. Que estupidez. Só pode ser burro. E assim é. Há que ter paciência e esperar que corra tudo bem. Afinal é isso mesmo, não é - acreditar que vai ficar tudo bem?

 

03
Jan11

And it's all just a little bit of history repeating

jorge c.

É muito interessante que na semana em que Bento XVI anuncia um encontro entre vários líderes religiosos sejam os ateus a falar de radicalismo e fundamentalismo. O movimento ateísta está cada vez mais empenhado em retirar a palavra aos líderes religiosos subvertendo tudo aquilo que dizem e dando-lhe sempre um toque de absoluta maldade. É muito triste que não se aprenda nada com a História.

24
Dez10

Definições

jorge c.

A religião continua, ainda hoje, a ser um instrumento ideológico em vez de significar o exercício de fé e esperança. A fé e a espiritualidade (ou os seus contrários), quando usadas para fins ideológicos, são um potenciador de demagogia ou de coisas bem piores.

Em muitos blogs vemos celebrações de Natal com referências políticas. A intenção não é boa, nem honesta. Não faz parte do cristianismo esse rancor, esse ressentimento. Um cristão ressentido não é um cristão, é um ressentido.

24
Dez10

Conceição Virginal de Jesus

jorge c.

"Ora, a origem de Jesus foi assim: Estando Maria, Sua mãe, noiva de José, antes de habitarem juntos, notou-se que tinha concebido do Espírito Santo. E José, Seu esposo, sendo justo e não querendo denunciar publicamente, resolveu repudiá-l'A em segredo."

A seguir a isto vem um anjo que confirma a história ao carpinteiro e fica tudo bem. Portanto, ter fé, no fundo, é acreditar que a probabilidade disto ter acontecido é muito grande. Complicado... Quer dizer, também há gente que acredita que o homem foi à lua e ainda filmou tudo...

Mas a coisa vai lá com esforço e sacrifício porque, no fim de contas, queremos todos que isto fique tudo bem com muito amor, unicórnios, anões e pombas brancas. E desejar um Feliz Natal é isto, no limite.

21
Nov10

God is in the house

jorge c.

Afastei-me da Igreja Católica há cerca de 10 anos por uma série de incompatibilidades. Víamos o mundo de maneira diferente e, apesar de manter os seus valores nucleares, não consegui ser hipocritamente fiel. Saí. Como dizia alguém aquando da visita do Papa: "não sou eu que tenho uma religião, é uma religião que me tem a mim". Perdeu-me.

Compreendi sempre a perspectiva conservadora da Igreja no capítulo da sexualidade. Compreendi e ainda a respeito, muito embora não a aceite. É para mim natural que a doutrina da Igreja se mantenha sólida no que à Vida diz respeito e não queira descarrilar ao mínimo sinal de evolução social. No entanto, não é verdade que a Igreja nunca mudou. John Milton e William Blake notaram que a nossa ideia de Deus não é a mesma desde sempre e que é a própria Igreja que contribui para essa mudança na fé dos crentes. De um Deus medieval impiedoso passou-se para uma ideia de um Deus misericordioso já no séc. XVIII e, mesmo no séc. XX, a relação dos crentes com Deus modificou-se ao ponto de ser a Igreja a procurar agradar a uma certa evolução e não o seguidismo absoluto a que assistimos durante séculos de História.

Contudo, é importante compreender que qualquer cedência da Igreja no âmbito da sexualidade não deve ser tomada de ânimo leve. Seria sempre como derrubar uma parede-mestra num edifício demasiado antigo.

Vem isto a propósito das declarações do Papa numa entrevista agora publicada em livro sobre o uso do preservativo. São declarações que me deixam satisfeito porque vejo a Igreja a manifestar algo que está muito mais relacionado com a sua filosofia do que o moralismo anacoreta a que nos foi habituando. Acredito, por isso, que para além das questões relacionadas com a sexualidade, há um valor muito maior que é a Vida e que o dogma da Vida faz muito mais sentido do que o dogma da intimidade. Porque a ideia de Deus está nessa necessidade de valorização da Vida e não no medo de pecar.

Não sei se chegou tarde ou não. Sei que chegou e que é bem-vinda.

12
Mai10

A recepção esperada

jorge c.

Há dois ou três dias dir-se-ia que estávamos numa competição a ver quem é que tinha mais gente: a facção ateia ou a católica. Nervosos e irritados, os ateus multiplicaram-se em ataques agudos à Igreja e a Bento XVI. Bastou a chegada do Papa para que se parasse um pouco para o ouvir e acabar com esse ruído e com todas as dúvidas. Os portugueses responderam em massa à visita de Bento XVI que, por sua vez, revelou a sua inteligência e generosidade e mostrou a linguagem universal da Igreja e a sua mundividência. O Estado respondeu em conformidade, face a uma instituição que é parte integrante da nossa natureza, da nossa cultura e da nossa estrutura moral.

As facções são uma ilusão porque o Papa fala para todos os que se dispuserem a ouvir. Tentar entrincheirar as pessoas, dividir os homens para conquistar um qualquer caminho incerto, é só uma demonstração de ignorância intolerante que não encontra apoio na maioria dos portugueses, não obstante a sua legitimidade.

11
Mai10

A missão de Bento XVI

jorge c.

A incontornável visita de Bento XVI a Portugal gerou algum mau estar em parte significativa da população portuguesa. Num período de crise moral, social e económica, como o que hoje vivemos, as atenções das várias sensibilidades e frustrações viram-se para a Igreja Católica dado o seu peso histórico na civilização ocidental. É claro que não deixa de ser paradoxal e caricato o desnorte das críticas à Igreja e especialmente a Bento XVI. Veja-se por exemplo a concentração de energias nessas críticas. Se parte do activismo ateu considera que o catolicismo perde cada vez mais peso, essa concentração e nervosismo face à visita do Papa revela precisamente o contrário, revela uma preocupação com a influência religiosa. E também por aqui podemos chegar a outro paradoxo naquilo que é a fronteira entre laicidade e liberdade religiosa. É que essa influência é subjectiva. Cada indivíduo deixa-se influenciar. É a sua liberdade de aceitar ou não a religião, e não de um terceiro decidir por racionalidade. A razão tornou-se o dogma dos ateus.

 

Também as questões relacionadas com a pedofilia, o aborto, o preservativo, o celibato e o sacerdócio masculino exclusivo contribuem para esta tensão. O Papa tem enfrentado estes temas com bastante serenidade e a própria mediatização dos assuntos fá-lo fortalecer questões doutrinárias fundamentais para a sustentabilidade da filosofia católica. A sua visita é também um sinal da sua missão de consolidar o catolicismo, alertar para a crise moral e reconstruir a imagem de confiança da Igreja. Porque o que o Papa tem transmitido é uma mensagem de esperança, de confiança e de verdade com base nos valores primordiais da Igreja. É com isso que os católicos se identificam e é com isso que o Papa quer que se compreenda a Igreja.

 

Portanto, a sua missão é solidificar a fé cristã de dentro para fora, sendo que a fé é algo espiritual e não material.

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Um blog de:

Jorge Lopes de Carvalho mauscostumes@gmail.com

Links

extensão

  •  
  • blogues diários

  •  
  • media nacional

  •  
  • media internacional

    Arquivo

    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2013
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2012
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2011
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2010
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D