O vazio no poder
Fará algum sentido deitar um governo abaixo nesta altura? Em circunstâncias normais, esta pergunta teria sempre a mesma resposta: o Governo é sempre derrubável quando não dá resposta às necessidades do Estado e não consegue resolver problemas urgentes, mostrando, como já disse, falta de liderança. Julgo que ninguém tem dúvidas que este é esse preciso momento. Até o Primeiro-ministro sabe isto - a notícia espalha-se depressa.
Acontece que o momento político não é tão linear assim e junta-se a esta falta de liderança uma incapacidade da oposição de ser uma solução alternativa. Não conhecemos do único partido com representação suficiente para constituir alternativa - o PSD, caso não se tenha percebido - uma única posição firme sobre a política monetária da UE. Não conhecemos do PSD uma única ideia objectiva sobre problemáticas internas actuais como a Educação ou a Saúde. Não conhecemos do PSD qualquer iniciativa que responda às frustrações laborais tanto dos desempregados como dos precários.
Não se trata apenas da defesa do Estado Social, como enchem a boca os socialistas tabelados, mas de necessidades prementes a que é preciso dar resposta. Junta-se a isso um conjunto de indefinições europeias que deixam o país (partidos à parte) num impasse. E é precisamente esse impasse que determina a salvaguarda da estabilidade governativa e o perigo de uma queda imediata. Isto não significa que a realidade não possa ser outra daqui por 6 meses, um ano, por aí... Todavia, para isso é necessário uma alternativa de conteúdos que, neste momento, bem vistas as coisas, não existe.