É um facto: as pessoas morrem. Mas parece que ainda não é um facto entendido por todos. A morte é uma coisa mais ou menos certa. Digo mais ou menos porque, tal como Agostinho da Silva dizia, nunca morri e por isso tudo pode acontecer. Nunca se sabe.
Acontece que o precedente da morte não deixa muito espaço para dúvidas. As circunstâncias da morte variam, claro, mediante o ambiente social. Por isso, desde sempre que se morre de morte matada e de morte morrida. E na morte morrida ou se morre com assistência ou sozinho. Não há muitas hipóteses. É, portanto, provável que todos os dias morra gente sozinha em casa. Como é provável que muita gente morra nos paliativos cheios de flores e miminhos à volta. A vida é feita deste conjunto de probabilidades quase circular. O problema, como diz a Fernanda neste texto brilhante, é outro. E esse problema tem que ver com a forma como nos organizamos na manutenção do Estado que parece ser o escolhido pela maioria, mas cujos responsáveis não estão a cuidar da melhor forma.
Assim, parece ser um bocadinho despropositada esta vaga de "idosos a morrer sozinhos" que os jornais se lembraram de começar como se se tratasse de um problema contemporâneo. O núcleo do problema continua sem ser discutido e alimenta-se a ideia de um flagelo que não é senão uma circunstância natural da vida em sociedade.
Já agora, "os idosos" é algo muito relativo. Lembro, por exemplo, o caso de Layne Staley. Acontece.
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