Joane, o parvo
Acho que já citei Agostinho da Silva quando disse que não tinha a certeza da morte porque nunca tinha morrido. O MEC ficou doido (um aparte). Sei que, se morrer, gostava de ter na minha carteira o número e o nome da Fernanda. Ela diria: "Sim, conheço. Era parvo, gostava do meu tártaro de atum, da minha generosidade e das minhas pernas."
Este poderia ser um post sobre a minha morte. Já a vi, já a subestimei, já a desejei e já deixei de a levar a sério. Mas é um post sobre a Fernanda, sobre o porquê de estar em conflito permanente com ela e de, ao mesmo tempo, a admirar por pensar e escrever aquilo que faz sentido. Pelo menos para ela. Houve um tempo em que, antes do tártaro e das pernas, só havia a minha parvoíce. E foi ai que nos encontrámos. Precisamente. Naquilo que faz sentido. Talvez tenha sido isso que o Gil Vicente quis fazer ver: resta-nos esta forma emocional e genuína de existir num contexto - a nossa salvação. A morte é uma inevitabilidade. Resta-nos gostar de gostar e de não gostar para poder viver em paz.
Cito outra vez o Agostinho, se calhar... "Posto que viver me é excelente, cada vez mais gosto mais de menos gente."