A Melo Antunes
Estou muito indeciso em descer a avenida amanhã. Para mim seria a primeira vez porque este é o momento de marcar uma posição: este é o sistema em que eu quero viver, para além das suas fragilidades. Esta é a liberdade que eu quero para o meu país, uma liberdade responsável e legitimamente escolhida e representada. Devo isso a muita gente. Mas ainda tenho dúvidas em ir e descer ao lado daqueles que nunca me quiseram lá. Não que as gentes da minha linha ideológica façam questão de marcar presença, mas também há quem as veja como indesejáveis. Por outro lado, quero combater esse entrincheiramento e contribuir para uma democracia saudável em que se compreenda, de uma vez por todas, que em democracia cabemos todos. Descer essa avenida é, enfim, caminhar em liberdade mesmo que ao lado de quem não ache que somos dignos. Portugal e a democracia não têm donos.
Devo isto a Melo Antunes.