Ah! os independentes, os independentes!
Como quase em tudo, nunca usamos da adequação quando nos colocamos numa postura crítica sobre o que quer que seja. Com os independentes a história repete-se. Por um lado há os que acham que a política deveria ter mais independentes, em contraponto a esses bandidos dos políticos. Por outro, temos os que acreditam que só alguém com um certificado de habilitações políticas pode ser parte integrante do regime político-partidário.
Ser independente em política não é uma característica, por si só, positiva ou negativa. As pessoas, no geral e em abstracto, ou têm capacidades políticas ou não têm. Ser independente significa apenas que não se tem uma ligação partidária formalizada. Isto não é bom, nem é mau. Acontece que há pessoas que não querem ter essa ligação. É um direito que lhes assiste. Contudo, dispõem-se a exercer cargos políticos porque, em rigor, têm capacidades que operam nesse sentido. Ou pelo menos, supõe-se que têm. Porque não faz qualquer sentido alguém que não tenha uma dimensão política exercer um cargo que é, por natureza, político.
A conversa dos independentes, no sentido positivo, tem o toque da demagogia, da preponderância popular. Já no seu sentido mais negativo, ela ganha contornos de sectarismo e de clausura partidária. Ora, isto não faz qualquer sentido. A actividade política exige características que têm que ver em exclusivo com a sua natureza, não obstante os seus actores não terem obrigatoriamente de estar vinculados a um partido. Seria simples compreender, não fosse a má vontade.