Andy, are you goofin' on Michael?
A tarde foi abalada por uma notícia surpreendente: o fim dos R.E.M.. Surpreendente porque ninguém estava à espera que ao fim de 30 anos de carreira, aquilo que parecia uma instituição da música popular contemporânea, acabasse assim, abruptamente. Não tenho pena, confesso. Tenho mais pena da forma arrastada como iam passeando pelos discos, sem muito mais do que um esforço para ter material novo.
O caminho para a banalidade é assustador, porque fácil.
Lembro-me, porém, de um tempo em que ouvia o Automatic for the people todos os dias. Não todo. E, a grande maioria das vezes, uma só canção: aquela que me fazia sonhar com uma América que nunca poderia viver; a imagética de uma média-burguesia americana de tradição democrata mas, com uma evolução quase libertária-conservadora que víamos nas séries de televisão como Family Ties ou em filmes como On Golden Pond. Foi nessa canção que ouvi, pela primeira vez, falar numa das minhas maiores referências, o que daria, mais tarde, direito a um filme - Man on the Moon.
Dali, de onde eu estava, via nessa imagética a própria figura de Stipe, a figura de um burguês pretensioso, enjoado e imaturo. E gostava... a sério que gostava e gosto dessa figura que acabaria por escrever uma das mais belas canções de sempre - At my most beautiful - ou algumas das frases que mais sentido fizeram para mim em diferentes alturas das nossas vidas.
Nem todas como estas que, sempre que ouço, continuam a ter o mesmo efeito que tiveram por volta de 1994, quando as comecei a compreender, devagar:
Moses went walking with the staff of wood. Yeah, yeah, yeah, yeah
Newton got beaned by the apple good. Yeah, yeah, yeah, yeah
Egypt was troubled by the horrible asp. Yeah, yeah, yeah, yeah
Mister Charles Darwin had the gall to ask. Yeah, yeah, yeah, yeah
Pois é.