a ignorância do imediatismo
É comum apontar-se os maus resultados a Matemática e a Português. A Matemática, aliás, é considerada um monstro, para muitos. Mas, também me lembro da aversão que muitos colegas tinham à História, à Geografia ou à Filosofia. A diferença é que estas disciplinas eram mais complicadas de avaliar quantitativamente. Os estudantes seguem-se pela ética dos mínimos e fazem-nas apenas para serem aprovados. É difícil definir o grau de compreensão.
Quando cheguei à Faculdade de Direito, o meu professor de Ciência Política - o Dr. Paulo Rangel - insistia que era fundamental que as respostas às questões fossem relacionadas, que nada na história existia sem enquadramento. Era uma das principais dificuldades para quem estava habituado a decorar matéria.
Os reflexos da falta de compreensão das Humanidades podem ser gravíssimos, como se poderá constatar.
O flagelo da não compreensão das humanidades e da relação entre a própria Humanidade e as ciências sociais é um perigo em tempos de dificuldades financeiras. Não obstante o discurso populista, que tem como objectivo culpabilizar um determinado grupo e que assim justifica um conjunto complexo de circunstâncias, o grande perigo reside na ignorância. E este perigo está, hoje, a pôr e dipor de postos de trabalho e da tendência laboral em Portugal e no mundo.
Urge uma contra-reforma pelas Humanidades. Contra a ignorância.