Ode do sol futurista
No dia em que o sol cresceu, no meu país
As máquinas começaram a trabalhar
E vieram de todo o mundo homens
E mulheres e crianças cantando felizes
A esperança do senhor ministro Gaspar.
Os barcos encheram o rio de alegria
E na estrada fulminou o brilho do progresso
Ehhhhhh! Cimento pesado! Ehhhhh! Tijolo sólido!
Dezenas de cisternas e betoneiras a romper
Pela velha calçada erguendo os alicerces do investimento.
Florescem as bases da habitação, do crescimento.
Que calor bom, este, que semeia a riqueza de betão
É esta a temperatura mística que fará esquecer o inverno.
Ah! Não me venham com a melancolia da chuva.
Hibernem em Dezembro e Janeiro e partam pedra
O ano inteiro, quando o sol brilhar no alto e não mais
For possível respirar o ar sufocante das tardes de Julho.
Vejam edificar o amanhã da civilização ocidental.
Que o ouro cresça nos bolsos das gentes e que,
Finalmente, se faça cumprir Portugal.