o desespero
E aqui estamos, na branda expectativa que António José Seguro se revele de acordo com o nosso interesse. Digamos que é um pouco deprimente.
O meu interesse é que haja uma liderança que reoriente o país, que defina uma linha estratégica clara e inequívoca e que tenha força para defender a social democracia. Será que posso contar com Seguro? Tenho muitas dúvidas.
Seguro é um homem do aparelho socialista, orientado para os pequenos resultados eleitorais distritais, sem qualquer carisma ou sinal de liderança convicta. Configura, em muitas coisas, o mesmo tipo político de Passos Coelho: ambicioso na chegada ao poder mas, com um défice de competência latente. No caso de Passos Coelho tornou-se evidente. E é este dilema - e porque Seguro tem muito mais experiência política que o Primeiro-ministro, quer queiramos, quer não - que me deixa angustiado.
Sobre o que o secretário-geral do PS deve fazer, prefiro não especular. Porém, a única coisa que precisávamos era que a sua posição fosse cristalina e não deixasse dúvidas sobre a sua capacidade de ser uma alternativa. É aqui que está a questão em que Seguro falha como a Primavera no séc. XXI. A verdade é que não podemos estar à espera de um Verão surpreendente. Não há tempo.
Se as eleições antecipadas são, neste momento, uma necessidade para a estabilidade política e reforço da legitimidade e credibilidade governamental, as eleições nos partidos também não seriam descabidas, de todo.