a queda do regime
A tendência dentro dos partidos de poder nestes últimos anos tem sido a de dedicarem todo o seu tempo à procura daquilo que as pessoas querem ouvir, partindo daí para um discurso de guião e sempre com a ideia de que a qualidade das políticas e a defesa dos seus princípios de base estão condicionadas pelos resultados eleitorais. Ora, eu, por exemplo, queria ouvir que sou bonito, charmoso e moderno. No entanto, a realidade indica-me que sou apenas moderno.
É certo que o mundo muda, que as circunstâncias sociais e económicas se alteram a cada instante. Mas, numa sociedade organizada o que se exige é que haja uma coerência na linha política que se quer seguir já que o eleitorado - essa espécie de cliente da política partidária de hoje - vai depositar confiança nessa expectativa e escolher a partir daí. Quando se dedicam todos os esforços à aparência e ao lugar-comum para agradar ao eleitorado cria-se uma certa tendência para a futilidade política que, em rigor, está a enganar e a prejudicar os cidadãos. Não que eles não gostem.
A grande quebra com esta realidade, que sugere uma decadência silenciosa do regime, seria um partido que se mostrasse consistente nas suas ideias, com um objectivo concreto e reformista, e não como um barco que navega ao sabor do vento ou como quem se veste conforme variam as modas.