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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

17
Set13

Da política local

jorge c.

1. Na política local, o factor mais importante é a cidadania. É mais fácil vermos concretizado um projecto de desenvolvimento e crescimento se, antes do escrutínio, influenciarmos e demonstrarmos aos representantes políticos a direcção mais interessante para a comunidade. Por todo o país, o movimento associativo e organizado tem um poder que, ainda hoje, não consegue mobilizar os cidadãos para a sua relevância no plano político. Sem dramatismos ou decadentismos, ao associativismo falta a capacidade de maior mobilização para além da sobrevivência. 

 

2. Se as redes sociais são, hoje, um elemento eficaz de comunicação política, elas são também um perigo para a cidadania. A campanha autárquica tem sido um exemplo claro disso mesmo. Uma campanha autárquica deve conseguir esclarecer os eleitores. O seu valor está na capacidade de transmitir um projecto político que capte o interesse daqueles. Para isso, recorre-se à componente lúdica, que é uma forma eficaz de captar atenção. Com as redes sociais, e principalmente com as centenas de páginas criadas no Facebook, a componente lúdica passou a ser o resultado final e não um mero instrumento. Por um lado, trazemos mais pessoas para o universo político, por outro, transmitimos uma ideia errada daquilo que é essencial na política local.

 

3. O campo aberto para o populismo nas autárquicas tem dimensões cada vez maiores. A convicção criada no eleitor mais atento, muitas vezes, é que já nem vale a pena porque a política local é um espaço de broncos. Os partidos, dada a sua dimensão, tem cada vez mais dificuldade em promover boas práticas nas suas células locais. Fora do período de eleições, as distritais e concelhias têm como única preocupação a captação de votos para dentro e pouco trabalham o projecto autárquico e comunitário durante 4 anos. Por outro lado, as candidaturas independentes estão a promover o anti-partidarismo e uma ideia falsa de superioridade moral que vai contra tudo aquilo que a nossa Constituição defende. A necessidade é, cada vez mais, formar quadros políticos locais sem recurso a metodologias eleitoralistas. 

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