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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

19
Jul10

Pó e estrada @ Meco

jorge c.

Luís Montez já provou diversas vezes que é incompetente. A diferença da organização do Optimus Alive para o seu SuperBock SuperRock é, nesse capítulo, bastante esclarecedora. Prova-se que o status nem sempre é compatível com a qualidade do trabalho.

No Meco estive 3h30 dentro de um carro para chegar da praia até ao recinto do festival. Perdi a quase totalidade dos concertos da noite. Vi um espaço para campismo pior que o do Festival Sudoeste, que para quem conhece não é nada simpático; um terreno arenoso que cria condições desumanas para a maioria das pessoas, com pó a entrar por partes do corpo que nós nem sabíamos que era possível. Uma organização duvidosa que falhou na regulação dos horários de comboios, pelo que me disse outra pessoa que optou por outro meio de transporte.

Apesar de não ter ido aos 3 dias de festival, o saldo de apenas umas horas no recinto é bastante negativo por diversos factores que mesmo representando coisas mínimas acabam por ganhar mais relevância para quem está irritado.

Tantos anos a organizar e a ver festivais, seria natural que Montez e a Música no Coração soubessem o que estavam a fazer quando enfiaram um festival desta dimensão numa aldeiazinha com acessos muito limitados.

16
Jul10

Crise interna

jorge c.

Apesar de não ter dados concretos, a realidade a que tenho acesso pode servir de exemplo. Empresas de amigos a fechar, amigos desempregados, processos judiciais até ao tecto por causa de créditos, insolvências e por aí fora. Esta conjuntura, nos seus meandros, não é apenas fruto de uma crise internacional. Parte destes problemas teriam sido resolvidos com diferentes políticas e muita gente poderia estar a enfrentar a crise internacional com outra capacidade. Dizer que está tudo bem e que, no fundo, Sócrates é o maior e só não salvou isto por culpa de terceiros, é gozar com estas pessoas. Ou então é não sair muito à rua. O que em muita gente se torna evidente.

16
Jul10

Pedro e o lobo

jorge c.

Um dos maiores vícios na linguagem política é o da conotação dos adversários com ideologias radicais ou mais incompreendidas. Da esquerda à direita é comum ouvir acusações de extrema esquerda ou neoliberalismo, de reaccionarismo ou estalinismo. É sempre de desconfiar e dar o devido desconto à mente retorcida por detrás dessas afirmações.

Portugal, tal como grande parte dos países ocidentais, aburguesou-se ideologicamente e aquilo que era a base das meta-narrativas políticas desapareceu. A virtude passou a estar definitivamente no meio e qualquer desvio é apontado como um atentado ao Estado de direito e à democracia de Abril. A tendência centrista é a mais forte e não há muitos sinais de mudança de paradigma. O mar está calmo.

Portanto, é uma questão de pensar e perceber que qualquer afirmação efectiva e competente de uma ideologia forte e objectiva seria cruxificada e morreria na praia. Os nossos políticos, sabendo disso, jogam com o interesse do poder e não assumem com coragem um objectivo. Enrolam, desdizem-se, travam. É deste modo, também, que as reformas se tornam insuficientes e incompletas. Contudo, é assim que o povo se sente em controlo aparente da sua democracia.

Olhando para trás, na História, percebe-se que foi este amorfismo ideológico, banhado a acusações inconsequentes, que conduziu muitos Estados a regimes totalitários. É um bocado como a história de Pedro e o lobo.

13
Jul10

O que não faz sentido

jorge c.

Não se pode negar que vivemos num país de superficialidades - pequenas e grandes. Se das grandes superficialidades resultam consequências imediatas, muitas vezes irreversíveis, das pequenas podemos retirar exemplos fundamentais para diagnosticar, em abstracto, os erros que uma sociedade vai cometendo com a sua falta de consciência do passado, do presente e do futuro, ou seja, do devir.

Dentro dessas particularidades encontramos a formalidade. Este factor da vivência colectiva é, por norma, encarado de duas formas: uma negativa, em que o espírito serôdio de liberdade não encaixa com a regra e com o protocolo, e uma positiva, que vê na formalidade uma necessidade de rigor.

Igoremos a primeira que tem pouca expressão e que vigora apenas na mentalidade mais ingénua e irracional da vida numa sociedade dita civilizada. E por mera hipótese académica coloquemos Portugal nessa civilidade, sem rir. A segunda forma encontra tradicionalmente um despropósito por não corresponde às necessidades quotidianas que reflectem uma série de circunstâncias relevantes como o clima, o espaço e, acima de tudo, o tempo.

Trago à colação, para exemplificar, a indumentária da generalidade dos trabalhadores. Não é de todo aceitável que se continue a promover o uso de fato e gravata para a maioria das profissões num país com o clima de Portugal. É até, de certa forma, ridículo que, em pleno Verão, alguém circule pelas ruas vestido assim. E nem é o pretensiosismo individual que deve resolver esta questão, mas sim as instituições - sejam lojas, armazéns, distribuidoras, repartições públicas, etc. - que devem promover internamente uma indumentária mais leve e descontraida dentro das suas estruturas. A conversa do "contacto com o público" é, também ela, falaciosa. O que se coloca é a qualidade desse atendimento. O que se coloca é, de um modo geral, a qualidade do trabalho e o bem-estar de quem está a trabalhar de modo a que todos estejam harmonizados com a necessidade global.

Este factor de superficialidade, este comportamento irracional e dogmático menor, é um sinal evidente da desvaloriação da qualidade do trabalho em prol da aparência. Mais, trata-se de uma aparência saloia que, em muitos casos, acaba por ser contraproducente, visto que o desconforto é um péssimo cartão de visita, para quem o sente e para quem o vê.

 

08
Jul10

Um esclarecimento

jorge c.

Agora que já li mais alguma coisa sobre esta polémica da Playboy fiquei esclarecido em alguns pontos.

 

Primeiro: não houve qualquer polémica ou pressão de cidadãos ou instituições portuguesas contra a revista.

Segundo: a própria editora Playboy mostrou-se insatisfeita com os editores portugueses e foi isso que suscitou o encerramento da edição portuguesa.

Terceiro: as notícias sobre este caso foram todas feitas a partir de comunicados da Playboy.

 

Posto isto, tiro as minhas conclusões e abrando o tom do post anterior, naturalmente. Cheira mais a golpe de marketing do que outra coisa qualquer.

 

08
Jul10

A arte sacro-erótica

jorge c.

 

Nem sequer estava a par desta polemico-patetice. Parece que a Playboy tenciona acabar com a edição portuguesa por causa da controvérsia gerada por esta capa fabulosa. Sou insuspeito porque nunca perdi mais de 1 minuto da minha vida a ver revistas com senhoras de mamas ao léu. Confesso que tenho outras prioridades e no papel não é a mesma coisa. Manias. 

Mas, de facto, esta capa é espantosa e faz todo o sentido numa revista como a Playboy, dando-lhe até o toque artístico e irreverente que tanta falta faz a este tipo de publicações tão dedicadas à banalização da sensualidade.

Depois de A última tentação de Cristo, do próprio Evangelho de Saramago, é lamentável que este género de polémica ainda apareça, como também é lamentável que a Playboy não defenda a sua posição com mais afinco em vez de ceder à pressão moralista.

08
Jul10

Regionalização - para início de conversa

jorge c.

Por que se fala de regionalização?

Apesar de parecer de fácil resposta, a questão traz mais implicações que o tradicional romantismo político de descentralização. Sendo que falamos de Portugal, há várias coisas a ter em conta: a necessidade, as pessoas, o timing, a organização.

O tema começa sempre pelo regionalismo bacoco, pela rivalidade e pelo sentimento de inferioridade. É inevitável começar mal. A defesa da regionalização nunca foi sustentada pesando prós e contras, mas sim com matéria identitária e populista. Ora, como se pode defender em absoluto algo como a regionalização tendo em conta a qualidade dos nossos políticos no panorama partidário português, tanto na Assembleia da República como nas autarquias? Só a hipótese de caciquismo deixa logo muito que pensar. E se as pessoas nos deixam reticentes, imagine-se os meios, numa altura de profunda crise onde a má organização, o excesso burocrático, a saturação de funcionários públicos (lembremo-nos do recente congelamento e da eventual descida dos salários), a fiscalização e outros assuntos não são de ignorar.

É de notar também que o fim dos fundos comunitários apressa esta discussão e uma parte dos responsáveis até agora estará algo ansioso para lhe dar início. As regiões, vítimas de 30 anos de má política, estão a um passo de ficar sem a ajuda que, ainda assim, foi equilibrando as contas, não obstante os "projectos de interesse nacional" que levaram muito dinheiro que lhes estado destinado para Lisboa.

Estas questões não são, para já, argumentos contra ou a favor, mas sim tópicos de reflexão.

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