Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

31
Out10

Já demos!

jorge c.

A importação de cultura e costumes é algo que não me perturba, muito pelo contrário. Sou um consumidor de whisky, fumo JPS, sigo a carreira dos New Orleans Saints e toda a NFL, todos os trabalho que fiz na música estão carregados de blues e country, bebo o humor de Ricky Gervais, Larry David e Andy Kaufman. Não há uma hora no meu dia-a-dia que não esteja sob a influência directa da cultura anglo-saxónica. E isso não me afasta da minha matriz cultural, de todo.

Hoje, pela manhã, a campainha de casa tocou e lá de fora ouviu-se "Doçuras ou travessuras?". Por mim bem podem ser travessuras visto que a casa não era minha. Mas, como terá nascido o fenómeno halloween por estas bandas? A televisão, certamente. Esta importação, apesar de engraçada, não tem uma consistência cultural suficientemente forte para que eu a possa entender. Encaro-a como uma mera imitação que começa a ganhar contornos de praga.

Todos os dias, os miúdos são injectados com a cultura de massas americana: a futilidade da MTV, a superficialidade dos talk shows e a estupidez dos concursos e reality shows. Nada daquilo que apreendem tem uma correspondência na sua linguagem matricial e por isso limitar-se-ão a reproduzir o que comem sem o compreender verdadeiramente.

Os costumes são o traço fundamental da nossa identidade, sejam eles originais ou não. É a consistência que dão a uma comunidade que lhe vai acrescentar uma personalidade e uma identidade na qual se revêem. A falta de consistência pode, portanto, gerar um vazio de identificação e uma profunda crise cultural. Não quero com isto fazer um diagnóstico nem dramatizar algo tão relativo. Pareceu-me apenas importante pensar no assunto por uns minutos.

31
Out10

Tomar partido II

jorge c.

Aparentemente o sectarismo é inofensivo. Concedo que sim, até um certo ponto. Pouco me importa se as pessoas são suficientemente estúpidas para não compreender a supremacia do bem comum em prol de uma narrativa política, seja ela de direita ou esquerda. Pouco me importa que alguém prefira comportar-se como um(a) fã da Britney Spears do que como um cidadão sensato, auto e hetero-responsável.

O problema aqui nasce quando esse sectarismo, por ser muito direccionado e atento a todos os pormenores, consegue convencer as outras pessoas das suas virtudes. O que acontece a seguir é que se deixa de agir contra aquilo em que acreditamos e acabamos por passar mais tempo a defender os outros do que a nos defender a nós mesmos. A capacidade de auto-crítica desaparece e isso é a morte do artista.

31
Out10

Tomar partido

jorge c.

Este é o tempo da desorientação. Já ninguém sabe em quem confiar. Há desilusão e quebra de expectativas a cada momento que passa. Falo, claro, em relação à classe política. Sem qualquer vertente ideológica ou interesse colectivo que chame as pessoas para o debate político, a grande maioria já percebeu que há muito pouca gente de confiança. Ainda assim, a tendência é para colocar todo o peso da incompetência e da má-fé sobre o lado contrário. E com isto alimenta-se o pequeno debate político, que não interessa a ninguém.

Tomar partido numa altura destas é um golpe arriscadíssimo. Só por um inenarrável sectarismo se pode fazê-lo. Basta olhar para perceber.

30
Out10

A vénia final

jorge c.

O João Paulo Seara Cardoso. Trata-se assim de uma frase porque dela consta um sujeito e um predicado. Um homem extraordinário, um criador que fez muito por todos nós, só porque se levantou da poltrona. Não é só o Teatro de Marionetas do Porto que perde o seu pai, é o teatro e o mundo que perdem um dos seus mais brilhantes e fiéis criadores.

27
Out10

O festim das hienas

jorge c.

Não sou propriamente o maior dos fãs de Cavaco Silva. No entanto, não posso de deixar de considerar triste, lamentável, pobre, fraquinha, mesquinha toda a campanha que começou ontem de detracção. Primeiro começou nas suas palavras. Os seus detractores implicam com tudo: vírgulas fora do lugar, palavras sem acentos, a boca seca, o cabelo despenteado. Tudo aquilo que verdadeiramente interessa.

Se Cavaco é uma personagem estranha da política portuguesa, a crítica que lhe fazem não lhe fica atrás. Não passa de uma crítica sectária, ininteligível e baseada no ódio partidário e, muitas vezes, pessoal. Outra forma não haveria para atacar Cavaco em rigor porque não passaria de simples debate político. Insuficiente porque o povo é estúpido. Dirão que há imenso por onde atacar politicamente. Muito bem, estamos todos à espera que larguem a galinha de plástico que faz barulhinhos e partam para a caça.

O que é engraçado é que, depois do tanto que se defendeu José Sócrates por causa dos ataques pessoais, faz-se exactamente o mesmo a Cavaco. Não? Claro que não. É só impressão minha.

Pág. 1/4

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Um blog de:

Jorge Lopes de Carvalho mauscostumes@gmail.com

Links

extensão

  •  
  • blogues diários

  •  
  • media nacional

  •  
  • media internacional

    Arquivo

    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2013
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2012
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2011
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2010
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D