Great news, everybody: democracy just kicked in!
O ocidente, as we know it, adora revoluções. Basta ouvir a palavra "liberdade" ou motes como "protestos contra o regime x" e fica logo tudo histérico. Vem aí a democracia! É a revolução! Bem, sabemos que os precedentes internacionais no capítulo das revoluções não são muito simpáticos. Muitos dos regimes autoritários e repressivos foram substituídos por outros regimes ou dominados por grupos elitistas igualmente repressivos. É claro que a situação do Egipto, por exemplo (são tantas revoluções que uma pessoa nem sabe qual escolher, é a loucura democrática), passa muito pela censura dos meios de informação, nos últimos dias. Pode dizer-se que isso fez disparar os protestos. Mas, poderemos garantir que este é um protesto das novas tecnologias? Das redes sociais? Do povo nas ruas, por uma sociedade global e democrática?
Outro aspecto da imagem que se cria internacionalmente é a do vírus democrático em toda a região (que é um bocadinho grande, mas com a circulação da informação o mundo é uma coisa tão pequena, hoje, não é verdade?). Parece que há uma espécie de GPS geopolítico por onde o grande carro da democracia se orienta desbravando o caminho da liberdade. Mesmo que as realidades socio-culturais sejam absolutamente diferentes e que o caos nas ruas tenha consequências diferentes. É claro que ninguém pensa muito bem nas consequências do caos. Estamos a falar de regimes tecnicamente apoiados pelo ocidente, amigos do progresso, e que viraram durante anos costas ao pan-arabismo. Por isso, é muito provável que depois do teatro mediático de novos governos de salvação nacional surjam os primeiros efeitos contra-laicismo, o que neste caso poderá significar um abandono das relações com o ocidente reflectindo-se isto noutras formas de repressão. O que seria uma grande maçada.
Adenda: uma boa leitura será também este post do João Pinto e Castro (este link prova que sou a pessoa menos sectária e obstinada do mundo).