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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

24
Abr11

Vai ficar tudo bem

jorge c.

 

Sou um péssimo católico. Gozo com a religião, sou subversivo e já espetei uns belos pares de bandarilhas no cânone. Não acredito numa relação obstinada com a religião. Até porque a minha relação não é com a religião, mas antes com a sua natureza.

Não é muito cool um gajo acreditar em Deus. Ontem, um amigo ficou muito surpreendido quando lhe disse que acreditava. Como é que um tipo explica isto? Pá, é assim a vida, as far as i can see, mais vale uma pessoa acreditar, não vá o Diabo tecê-las. Ou como dizia um amigo meu: "acredito porque acredito". Sem mais porquês, é uma convicção sem precisar de provas em saquinhos de plástico ou comprovativos científicos assinados e carimbados por individualidade credível dentro de outro cânone. Outros credos.

É claro que isto leva-nos à descredibilização. Hoje o problema de um crente não é a imposição da fé, mas antes a própria fé. Chateia as pessoas. Que estupidez. Só pode ser burro. E assim é. Há que ter paciência e esperar que corra tudo bem. Afinal é isso mesmo, não é - acreditar que vai ficar tudo bem?

 

21
Abr11

Passos errados

jorge c.

Quando um partido político se dispõe a disputar o poder é conveniente que saiba gerir a construção do seu programa. Em política não se mostra serviço, mas sim estrutura e consistência. A serenidade que o sentido de Estado exige não é conseguida apenas através de postura e palavras vagas de um qualquer trabalho de escola feito em dois dias. Os cidadãos podem ser ignorantes, mas não são estúpidos. As pessoas sentem que há qualquer coisa que não bate certo. Vivemos um tempo onde cada vez mais se nota um primado da comunicação e da imagem sobre os conteúdos. Ora, à falta de conteúdos firmes e objectivos, de nada vale este tipo de serviços hoje tão requisitados.

Desde a sua tomada de posse como Presidente do PSD, Passos Coelho foi-se precipitando numa ânsia muito denunciada de chegar ao poder. É claro que se pretende que os partidos queiram o poder. O contrário é avesso à sua natureza. Contudo, é exigível a um partido como o PSD  que saiba o seu lugar e trabalhe com rigor e assertividade o seu programa e o seu eleitorado. Torna-se hoje claro que isto não aconteceu. Desde a sugestão inconsequente de Revisão Constitucional até ao encontro com as entidades internacionais de ajuda financeira internacional, foram demasiadas as inconsistências do PSD. Passos fez do PSD um partido inexperiente, coisa que até agora não fazia parte da imagem do partido. Que o líder seja tomado por inexperiente é uma coisa. Já que o partido se transforme à imagem e semelhança do seu líder é outra conversa.

Sem uma ideia para o país nas diversas matérias que importam ao Estado e à sociedade portuguesa em sentido amplo, Passos e o seu staff foram incapazes de mostrar aos portugueses que constituiam uma verdadeira alternativa com força e liderança suficientes para conduzir uma possível governação. Meia dúzia de palavras vagas não chegaram para mobilizar os eleitores. A pouco mais de um mês das legislativas, parece ser evidente que o PSD de Passos vai ter muitas dificuldades em recuperar os erros que tem vindo a cometer. E, acreditem, têm sido demasiados.

17
Abr11

Um vício

jorge c.

Nobre dizia há dias que não conhecia o programa do PSD. É natural porque também não há grande coisa para além daquelas generalidades apresentadas no outro dia. Ainda assim lá vai a cabeça de lista. Eu sei que ele vai querer, sei que eles vão querer, vamos todos querer. É a tendência Primavera/Verão deste ano. Cabeça de lista is the new black.

Também Basílio Horta, que fez um like ao PS há uns dois ou três anos, vê-se agora a encabeçar listas dos socialistas por regiões damascenas, não obstante a total falta de exotismo, mas isso são outros quinhentos. O artista anteriormente conhecido como democrata-cristão preferiu abraçar a carreira no Estado da divina providência. Outros catecismos. Nada contra. Também eu sou pela liberdade individual.

Opções individuais à parte (é só curioso, nada mais) os partidos portugueses andam a ser alimentados por vícios de regime. A personalização do lugar político é um vício e dos maus, daqueles que encerram a substância eleitoral e valorizam a figura, numa lógica contrária ao que se pretende na democracia representativa.

17
Abr11

ob-la-di ob-la-da

jorge c.

Tudo igual, no burgo. Hoje é Domingo. Sereno, o sol queima as roupas da catequese e silencia as ruas. Já se vêem as cavacas nos saquinhos de feira, já se cheiram as maias nos baldios e permanece o cheiro beato da água benta junto da porta da igreja. Está tudo igual. Uns morreram, outros emigraram, outros descasaram e muitos vão-se bebendo por entre os dias. Life goes on. Não há nada como uma crise. Se houvesse uma rainha das desculpas para as nossas castrações a crise estaria seguramente isolada a mais de 20 pontos da 2ª classificada. Isto está muito mau, Jorge. Pois está. Nunca esteve assim. Pois não. Houve um tempo em que fomos novos e o sol tirava-nos de casa. O rock soava todo o dia até de madrugada e acordava nas ruas de energia renovada. Talvez aquilo que nos faltou - uma renovação constante. Life goes on.

14
Abr11

Hibernar

jorge c.

Com a proximidade das eleições há algo que vai crescendo a olhos vistos, algo que fica adormecido mas que quando cheira a eleições aparece logo à tona: o maniqueísmo esquerda/direita. Tenho amigos que levam isto demasiado a peito. É a histeria absoluta. Tudo é monstruoso e grave. Tudo é motivo para a mais vil das discussões. Tudo é motivo para processos de intenções. É um excelente tempo para hibernar.

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