a queda do regime II
O grande mérito das políticas reformistas é a sua prudência e objectividade em relação aos resultados produzidos, aos efeitos estruturais e globais. Um partido que se diz reformista, porque sabe que num momento de maior aperto social e financeiro isso é uma vantagem retórica, quer ter a certeza de um resultado imediato e quantificável, descuidando os efeitos negativos que a efemeridade desses processos possa produzir. Esta linguagem está, portanto, mais próxima do progressismo típico do socialismo europeu do que do reformismo de facto e manifesta-se de forma demagógica de modo a seduzir o eleitorado. A prática tem tido péssimos resultados no plano do desenvolvimento social e de crescimento económico. No entanto, tem tendência a manter-se.
Em tese, um partido reformista não está dependente da opinião pública nem desvia o rumo em que acredita para alimentar o pensamento único e chegar consequentemente ao poder. Um regime que valoriza mais o progressismo do que o reformismo estará, assim, condenado ao "poder à vez": agora vais tu, agora vou eu. O eleitorado, satisfeito com o paternalismo do Estado e com a ausência de rumo, aceita este jogo de figuras, da política fulanizada que quer ganhar o prémio de "empregado do mês", ou pelo menos o mais moderno.