Hype
Por aqui perde-se a cabeça facilmente com as modas. Modinhas. De repente, de algo extremamente banal faz-se a melhor coisa do mundo. Veja-se o caso desta bandinha que apareceu agora como se fosse a oitava maravilha do mundo – The xx. Não há explicação para o hype. A verdade é que já vimos isto acontecer com um sem-número de outras bandas. A New Musical Express (NME), por exemplo, costuma vomitar listas infindáveis de next big things todas as semanas. Em Portugal, os saloios compram a NME e vão na cantiga. Eu compreendo a falta de tempo para ouvir.
Há cerca de dois anos apareceu uma banda chamada Dodos. A sua construção harmónico-melódica era de longe uma das mais interessantes que ouvi nos últimos tempos. A qualidade lírica e a transpiração dos instrumentos fazia renascer o sonho de que alguém faz música por gosto e não para se evidenciar no mainstream alternativo. Em Portugal o concerto nem sussurrado foi. A crítica ignorou. Talvez o NME não lhes tivesse dado atenção. Eu compreendo. Em Portugal passa-se mais tempo a ler revistas e críticas do que propriamente a ouvir música.