A decadência também é moderna
Como podemos ver, na primeira notícia é perceptível o nível de desorientação civilizacional a que se chegou. Vale tudo. A alteração de nome anterior à mudança de sexo constitui um dos maiores atentados à diferenciação de género a que assistimos nos últimos tempos. Será lógico, sequer? É que nem cientificamente, nem moralmente e muito menos juridicamente. Não há aqui um fundinho de lógica. As consequências de uma tal alteração da lei são mais do que óbvias nos três campos de que falei.
A segunda notícia e as declarações de Sérgio Vitorino espelham um pouco aquela que é a mentalidade do activismo lgbt. Para além do lado provocatório, que é preferível ignorar para evitar argumentos que saiam de um espectro aceitável, temos também a tendência gradual das reivindicações. A forma como se propõe arrasar o entendimento geral de matrimónio com as suas responsabilidades, a sua perpetuidade tendencial, a sua natureza monogâmica, enfim, com todo o instituto é, agora, bastante evidente.
Esta ideia de derrubar esse instituto burguês que é o casamento fica, então, bem clara com a equiparação das Uniões de Facto ao Casamento (tema a que voltarei mais tarde). A prevalência dos direitos perante os deveres e a luta para que isso seja uma realidade denotam a inconsciência da reivindicação e o - esse sim - burguesismo da mesma. Para além de se ignorar o direito e a sua natureza, ignoram-se também as consequências sociais relativamente à auto e hetero-responsabilidade em nome de um fanatismo relativista que convenceu um homem sem qualidades.