Uma ameaça
Parece que o Governo português quer encerrar umas centenas de estabelecimentos de ensino pelo país fora. Umas centenas - 500, pelo que consta - é muita coisa.
Ao encerrar escolas, o Governo segue a mesma política que seguiu para os SAP's. Acontece que uma escola não é um serviço de atendimento permanente, é uma ferramenta de continuidade na educação das crianças e um contributo sólido para o próprio desenvolvimento a partir da melhor alfabetização. Enquanto que, mesmo com um SAP fechado, a população local continua a ter direito a assistência médica, em relação às escolas isso não acontece porque os alunos terão de se deslocar. Essa deslocação envolve meios e esses meios não se arranjam em meia-dúzia de dias. Se falamos de 500 escolas e cerca de 10 mil alunos, distribuídos pelo país todo, é evidente que estamos a falar mais no interior onde existem menos alunos e onde as condições dos estabelecimentos serão, em princípio, piores. Sendo assim, é natural que a consequência maior seja a desertificação, o afastamento destas crianças, que serão jovens e adultos, da sua comunidade de origem.
Parece-me que encerrar escolas com esta urgência não é sensato. O interior não aguentará muito mais e o desenvolvimento e aproveitamento do país (inteiro) fica um pouco mais ameaçado.