Um dos grandes trunfos do governo Sócrates foram sempre as estatísticas. Lembremo-nos todos que o Primeiro-ministro ainda é de uma geração (completar com frase mais conveniente). Certamente que essa geração de Sócrates nunca ouviu falar na subjectividade das próprias estatísticas e no relativismo das circunstâncias. As estatísticas não concluem nada, em rigor. Elas limitam-se a desenhar um quadro que pode estar viciado. Aliás, é grave quando se começa a trabalhar para as estatísticas e utiliza-se isso como um fim e não como um instrumento comum de análise. Mas Sócrates é apenas um exemplo desta forma errada de jogar com a política e com o desenvolvimento económico-social.
Hoje, pelas Universidades, pelas empresas e institutos há uma duvidosa política de resultados que domina os esquemas de gestão. Esta política dos resultados tem ferido a empregabilidade (tanto para quem está em início de carreira como para quem deixa de ter uma idade aceitável para o "factor concorrencial"), tem agredido a função social destas instituições e tem contribuído para uma cada vez maior falta de cultura solidária e de solidez moral dentro das comunidades.
Porém, não seria difícil explicar a uma criança de 8 ou 10 anos que o resultado em papel pode não significar uma solidez da fórmula, pode ter um erro de cálculo, como uma trapalhada, como pode ainda ser intempestivo. Uma criança perceberá isso com facilidade se lhe explicarmos com exemplos práticos como a arrumação do quarto, a batota nos testes, entre muitas outras coisas. Chamamos a isto a formação de carácter, onde ela aprende a não enganar, nem aos outros nem a si própria.
Com os adultos só podemos acreditar que estão apenas a querer enganar terceiros. Enganar aqui significa ignorância e má-fé.
A política dos resultados é hoje aceite com uma facilidade que me custa a acreditar que anda toda a gente devidamente medicada e põe-me em dúvida pela minha segurança na rua, pela estabilidade do meu futuro profissional e pela educação dos filhos que, cada vez mais, penso seriamente em não vir a ter.
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