A banalização da diabolização
Com esta história da proposta de revisão constitucional do Passos Coelho renasceu uma tendência demagógica da esquerda portuguesa e que passa por diabolizar o PSD.
Não está aqui em causa se se concorda ou discorda com a proposta, mas sim a linha de argumentação oposta que reflecte uma inenarrável falta de espírito democrático. Criticar uma proposta porque ela vai matar pessoas à fome e porque é fascista é algo tão demagógico que se torna anti-democrático, porque o que esta argumentação faz é tentar assustar com o seu tom fatalista de forma a criar o máximo de ruído para condenar em abstracto o PSD e a sua legitimidade democrática.
Este é um hábito feio da esquerda, que é ser totalmente intolerante com a legitimidade democrática dos partidos de direita. Foi isso, aliás, que permitiu que Sampaio, num acto claro e indiscutível de favorecimento ao PS, dissolvesse a Assembleia da República. É como se a esquerda detivesse o monopólio da legitimidade democrática e a direita não pudesse adoptar políticas - manias! - de direita. É como se apenas a esquerda fosse válida num sistema democrático.
O país não cresceu, não compreende o significado de escassez de recursos, não compreende o significado de deveres e responsabilidades. E é por isso que anda sempre com a igualdade, os ricos e os pobres e a liberdade na ponta da língua, sem que saiba, de facto, o peso que tudo isso carrega.