O impasse
José Sócrates é um homem desgastado. Aflito por não querer governar por duodécimos depende do PSD e de Passos Coelho. Por sua vez, o social-democrata está desejoso para ficar por cima e triunfar nas negociações. Para já, PPC age da mesma forma que agiu com Ferreira Leite: aceita a sua posição, diz não ter pressa de chegar ao poder, mas assim que pode mina o caminho com o seu jeito dissimulado.
Para o Primeiro-ministro governar sem poder exibir o seu reflexo não deve ser uma opção. Já sabíamos que Sócrates era um político menor com um ego grande, mas julgo que ninguém acreditou que se deixasse enfraquecer tão depressa. Portanto, o Chefe de Governo vive agora o impasse que também está a ser provocado pela Presidência e a redução dos poderes do Presidente devido às eleições que se aproximam.
No meio do bailarico, o cidadão comum não sabe o que há-de pensar e está naturalmente preocupado. De um lado dá-se a ideia de que o governo socialista esconde uma realidade negra e que estamos à beira do abismo. Do outro, fala-se numa conspiração contra Sócrates.
Para o staff e pseudo-staff dos partidos parece estar tudo bem na cavaqueira do costume de ataques pessoais e na desconversa do "olha que não sôtor, olhe que não". Contentes na sua posição de palermas, os aparelhistas de um lado e do outro divertem-se como se estivéssemos numa Batalha Naval, convencidos de que estão a salvar o país através de propaganda e contra-propaganda.
O impasse do Primeiro-ministro é, por isso mesmo, o nosso. Sócrates é o Primeiro-ministro e se calhar não seria mauzinho de todo, no meio daquilo que se anda a passar, que aparecesse só para dar um olá às tropas. Não sei se isto é pedir demais.