Os limites da ética
Em matéria de relevância política, aquilo que o Correio da Manhã publicou sobre as conversas da inenarrável Edite Estrela é, como todos deveríamos saber, menos que zero.
Nos limites da legalidade e da ética, a comunicação social privilegiou sempre o domínio da segunda, conhecendo e compreendendo o risco da ultrapassagem da primeira. Era, portanto, uma excepção. Uma excepção que se torna legítima quando a matéria em causa é do interesse público e vem, manifestamente, contribuir para a higiene do Estado de Direito.
Parece que hoje estamos já noutro nível de discussão. Ao publicar uma escuta sem qualquer interesse público e que não passa de uma conversa privada entre dois amigos, o Correio da Manhã está a ultrapassar os limites da ética e a reduzir o debate sobre a publicação de escutas de interesse público ao nível do lixo.
Defender esta premissa - os limites da ética - é um princípio e nada tem que ver com motivos partidários. Nem pode ter.
Pela saúde de todos nós, não deixem que isto se torne a regra.