As mulheres portuguesas - um país diferente
Até parece que estou a fazer campanha por Cavaco. Não estou. Mas a tentativa de denegrir adversários por processos menos correctos é uma coisa que me chateia.
Em que país vivemos? Num país tecnologicamente evoluído, de absoluta igualdade social e de género onde todos os homens e mulheres desempenham as mesmas funções? Num país todo moderno? Não. Mas só quem não tira o cu de Lisboa é que pode ver um país que para todo o outro território não existe. Um país com centenas de milhares de donas de casa (aproximadamente). Aquilo que chateia o Daniel é que esse país existe. Mas ele existe e, apesar do populismo serôdio da mensagem de Cavaco, ela não está direccionada para o vazio, tem um alvo muito significativo.
Confundir esse populismo com sexismo não é honesto. Não é. Comparar Cavaco com Salazar é, mais uma vez, de uma desonestidade intelectual sem nome. É apenas ódio e diabolização que prefere estas comparações radicias para provocar medo naqueles que não terão tanta disponibilidade para se debruçar sobre o assunto. É que basta pensar um bocado, sair do universo da baixa pombalina e ir, por exemplo, aqui ao lado ao distrito de Santarém ou de Setúbal e encontrar um número significativo de mulheres que se sentem contempladas pela mensagem do Presidente, porque, ao contrário do Daniel, ele não ignora que elas existem. Ao contrário dos feministas de trazer por casa deste país, ele sabe que num momento de consternação social uma dona de casa tem extrema relevância no plano familiar. É claro que existem muito mais mulheres com outras realidades. Mas aquelas serão muito mais esquecidas.
Esta despreocupação com a estabilidade das famílias portuguesas reais, as que ainda existem em grande maioria, fora do grande universo do Marquês de Pombal, nós já conhecíamos. O que não conhecíamos era o total desprezo que se sente pelos seus pilares.
Portanto, como não gostamos que haja mulheres que optem por uma vida doméstica, muitas vezes nem se tratando de uma opção, vamos insultar quem se dirija a elas. É todo um novo conceito de feminismo.