Que Deus nos ajude!
Talvez seja o fim do mundo em cuecas. Ou se calhar estamos só a dramatizar.
Chegamos ao fim da década endividados, com uma ameaça terrorista que provocou o horror na maior cidade do mundo, com uma classe política duvidosa e um conflito de liberdades difícil de resolver. Vimos a informação circular a uma velocidade nunca antes vista e novas formas de cidadania a emergir devido ao poder da web.
Só este ano, em Portugal, fomos do casamento entre pessoas do mesmo sexo ao mais recente Jonasgate e fomos também visados no estranho caso Wikileaks. Falámos de escutas, de défice, de dívida, de saúde e educação. Mas continuamos sem saber discutir. Somos incapazes de um mínimo de objectividade e confundimos amor com sexo como adolescentes de 16 anos. Já pouco se olha à dignidade, à justiça, à honestidade e à civilidade. Porque no meio do pânico decadentista, salve-se quem puder. É, como diria Sena, o país dos sacanas.
O ano encerra, portanto, uma década que marcou a imagem pública, onde a fronteira entre a privacidade e a liberdade foi muitas vezes transposta; onde a palavra pública foi muitas vezes exigida e outras tantas posta em causa. Talvez uma road to nowhere, ou simplesmente uma passageira esquizofrenia. Daí que para o próximo ano só exija: rock'n'roll e democracia.