Impressões de uma campanha IV
Em Batman Begins há uma parte curiosa em que um determinado gás é lançado através das condutas e esgotos, e toda a população fica a alucinar com manias persecutórias.
A campanha eleitoral em Portugal toma sempre uns contornos parecidos. A certa altura parece que anda meio país a alucinar com interpretações macabras do que os candidatos dizem, com histórias de passados duvidosos trazidas à baila sabe-se lá bem porquê... Enfim, um conjunto de tonterias. A verdade é que, como eu disse ontem, esta alucinação colectiva conduz a trocas de insultos que nada têm que ver com o debate político, mas que fazem apenas parte de uma péssima cultura democrática onde o nosso lado é o do bem e o outro o do mal. É exactamente a partir deste maniqueísmo que o debate político desaparece e ninguém fica esclarecido sobre nada.
Este é o meu grande problema com o sectarismo. Não posso aceitar que o debate e o esclarecimento se limitem a problemas dermatológicos dos que vestem a camisolinha e promovem o ruído a tema central das campanhas. A blogosfera e as outras redes sociais poderiam ser a grande excepção, pois são locais de debate privilegiados. Ao invés, faz-se bem pior. É só lamentável.
