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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

17
Jan14

referendo? não, obrigado

jorge c.

Confesso que me apetecia mais falar sobre umas declarações ignorantes do ministro da Economia sobre a investigação científica do que do Referendo sobre a coadopção. Porém, um dever moral para com todas as crianças do presente e do futuro do nosso país, obriga-me a dizer qualquer coisa.

Quando o meu primeiro blog individual foi criado, estava a começar a discussão sobre a IVG. Na altura, escrevi que achava um absoluto disparate referendar-se matéria de Direitos Fundamentais. O perigo que isto constitui para a opinião pública é grande, para não falar nas feridas que provoca nos objectos dos referendos. Numa sociedade onde o preconceito é raiz da discussão pública, e não o interesse público, não é sensato deixar nas mãos dos cidadãos a decisão directa sobre matéria relativa a minorias. 

Isto só acontece por cobardia política e, no caso, por má-fé e absoluta ignorância de uma criatura chamada Hugo Soares, a quem ninguém consegue reconhecer competência nestas e noutras matérias, a quem o PSD resolveu dar voz, num total desrespeito pela Assembleia da República e, até, pelos seus próprios colegas de bancada. Liderada por um conservador católico (pelo menos de tradição e talvez nem tanto de espírito), a bancada do PSD está hoje resignada aos valores trogloditas da convivência parlamentar. O descrédito que isto provoca é tal que dificilmente o partido irá recuperar uma parte significativa do seu eleitorado que não se revê nesta fanfarronice. 

Os trabalhos sobre a cadopção estavam, já, num ponto avançado de conclusão. Fazer isto a famílias que esperam por uma decisão para poderem, por fim, consolidar o futuro das suas crianças, é um golpe de uma crueldade e de uma desumanidade - essas sim - muito pouco cristãs.

16
Jan14

o lobo de jeddah

jorge c.

Um ex-treinador do Futebol Clube do Porto, Vitor Pereira, foi protagonista de um episódio muito curioso, após um jogo do clube que agora treina na Arábia Saudita, em que se viu perante uma tentativa de condicionamento das suas declarações no final da partida. Para além do descontrolo e do inglês caricaturável, captou-me mais o interesse uma frase dita pelo próprio, de forma muito espontânea e convicta - selvagem, diria. Confrontando o seu censor, em directo na sala de imprensa, Vitor Pereira, exaltado, exigiu dizer aquilo que achava e não o que queriam que ele dissesse, afirmando que "isto é um país livre". O país a que Pereira se refere é a Arábia Saudita, uma monarquia islâmica absolutista, cuja lei fundamental é o AlCorão e a criminal a Sharia. Então, qual a razão da frase impulsiva do treinador português? Talvez seja um pouco revelador da percepção da realidade de que vivem os homens do mundo do futebol. É um universo paralelo onde as regras comuns entre os mortais parecem não ter lugar; um mercado livre de tráfico de capitais e pessoas; um buraco negro de difamção, injúria e violência. Para Pereira, a liberdade de expressão ultrapassa as fronteiras da sociedade em que cresceu porque o futebol lhe permite isso, porque a lei a que obedece é a do futebol que conhece. Poderíamos concluir que é essa a grande obra do futebol para a humanidade - o universalismo ou a globalização em estado bruto. Mas não é. É, antes, um sinal preocupante de alienação e, se quisermos, levando para outros campeonatos, de alguma impunidade, perante a nossa condescendência. Se Jeddah fosse Wall Street, Vitor Pereira seria Jordan Belfort, o seu mais inconsciente lobo.

06
Jan14

a minha bola

jorge c.

Um dia ganhei uma bola, cosida em pentágonos verdes e brancos. Era uma manhã de primavera, daquelas frescas que anunciam o calor da tarde. Saímos da escola muito cedo para chegar a horas ao Estádio do Mar. Nessa manhã eu já era feliz. O Prof. Salgueiro nunca me havia deixado para trás. Os rapazes também não, mesmo sabendo que só por morte súbita do adversário eu conseguiria aguentar a bola no pé mais de três segundos. Mas, eu estava sempre com eles. Era assim. Nunca me deixariam para trás. "Vais para a equipa técnica". E lá fui eu, na inocência dos 8 anos, fazer de massagista, com uma caixa de primeiros socorros com algodão, água oxigenada e pensos rápidos e muito voluntarismo para um futuro de ortopedista, carreira que acabaria por falhar por só mais tarde perceber que a boa-vontade e a caixa de primeiros socorros não eram bem recebidos na academia. O torneio lá seguiu. Centenas de miúdos de todo o lado para disputar a grande final inter-escolas do concelho de Matosinhos. O Neno na baliza, porque o Victor Hugo queria era jogar na frente (eu sempre achei, e até muito tarde, que o Hugo seria um grande guarda-redes) e depois, na frente, o Bruno e o Ricardo, muito rápidos, tecnicamente dotados para a idade. Lá pelo meio, o Joaquim Luís e o Augusto, que já eram mais velhos e acabariam por ter algum sucesso nas suas carreiras marginais, assustavam os outros minorcas sem ortodoxias. Não se engalfinharem todos à pancada dentro do campo era uma sorte. Fazia parte do charme do trabalho de equipa. Acabaríamos num lugar ridículo, na velha tradição mamedense de se preferir seduzir o sucesso do que estabelecer logo um compromisso. Era, então, chegada a altura de atribuir e receber os troféus: taças, medalhas, um capri sonne, um pão com fiambre ou queijo e uma bola para cada um. Uma bola para cada criança daquelas. Foi então que o vi. Estava ali, mesmo à minha frente e eu, como S.Tomé, só acreditei quando o vii, em carne e osso, tão vivo e tão presente, como no meu imaginário. Lembro-me de não conseguir dizer nada. O Victor Hugo acabaria por falar por mim e dizer com aquele seu ar muito assertivo, de quem está a constatar um facto que os outros parecem não ter coragem de admitir, que eu era do Benfica. "Ele é do Benfica. Nós não". E ele olhou para mim e sorriu, para depois me fazer uma festa na cabeça e me dar a bola que correria pela minha rua durante anos e que seria um marco dessas amizades imaculadas que só se fazem na rua.

Para mim, o Eusébio é a minha bola, a minha rua, os meus amigos, o meu Porto, a generosidade e a solirariedade que fazem dos rapazes todos bons rapazes, que fazem com que todos os rapazes, no momento em que vêem uma bola ali perdida pensem, imediatamente, em lhe dar um chuto e marcar golo. Porque tal como aquele rapaz que chegaria a Lisboa em 61 para ser o melhor, os bons rapazes só procuram a alegria mágica do golo - a mais refinada das artes.

12
Dez13

na sua inocência

jorge c.

Travou a fundo, mas já ia lançado. Rui Rio, na sua inocência, acabou por dizer aquilo que confirma a tendência dos nossos tempos: a lei é um obstáculo à prática de uma política sem limites que nos irá redimir. Deus lhe pague. Mas, a verdade é que Rio, como tantos outros, não dizem este tipo de coisas por maldade; parece-lhes natural que a lei deva ser preterida em prol das circunstâncias económico-financeiras e das decisões pragmáticas que devolvem o homem à sua condição livre, como na Alemanha dos anos 30. E perdoem-me o exagero, que olhando para a Hungria e para a Holanda pode não sê-lo, mas a História é sempre importante para nos lembrarmos do que significam conceitos como Estado de Direito e Princípio da Separação e Interdependência dos Poderes. Temos de estar atentos e alerta. E não podemos desatar aos abraços e salamaleques às pessoas só porque, aparentemente, estão a iniciar uma oposição ao nosso adversário. Se essa oposição insistir no mesmo erro discursivo e prático, então é porque ainda não percebemos bem o que é que estamos aqui a defender. É importante garantir que elas perceberam isto. Porque Rio não será candidato em Janeiro, mas será mais adiante.

06
Dez13

viva a liberdade

jorge c.

Mandela continuará a abrir as portas da impossibilidade sempre que o seu nome for carregado. Fê-lo com as suas próprias forças durante a vida e, agora, na morte, cabe-nos uma missão de grande responsabilidade que é continuar o seu caminho. Um primeiro e muito importante passo foram as homenagens por todo o mundo.

Por cá, vi nas últimas horas centenas de pesares de pessoas que, inconscientemente, esqueceram os seus preconceitos habituais, mesmo que com os lugares comuns e clichés habituais de que o mundo ficou mais pobre e de que perdemos um grande homem e de que era um exemplo para a humanidade e de que temos todos muita admiração pela pessoa de Nelson Mandela, etc. etc.. É por isso importante perceber que o racismo e o sectarismo se dissipam quando aquilo que temos à nossa frente é muito maior e representa um amor universal, mesmo que no mais básico e fútil dos discursos. Esses preconceitos, que nascem de uma influência do meio e que não são inatos, mantém-se devido a alguma ignorância e resignação, mas já não conseguem resistir à força do bom espírito.

É contra a ignorância e a resignação que temos sempre de lutar. É pelos outros que seremos nós. É por todos porque só todos podemos ser livres.

 

05
Dez13

o consenso

jorge c.

Hoje é quinta-feira, o dia em que, na televisão, comentam os dois líderes da oposição ou, se quisermos, em que Manuela Ferreira Leite e José Pacheco Pereira marcam a agenda da oposição em Portugal. É estranho que seja dentro do mesmo partido mas, a verdade é que António José Seguro não existe, nem sequer aparece. Poderia ter aparecido para comentar os resultados do PISA e nem vê-lo. Tendo sido a educação uma das maiores batalhas dos Socialistas, é de estranhar.

Porém, podemos dizer que a oposição feita por Manuela Ferreira Leite e Pacheco Pereira é forte o suficiente para podermos, pelo menos, sentir que não estamos sozinhos. Muito pelo contrário.

Numa altura em que se fala tanto de consensos, parece-me que há um indício claro de consenso na sociedade portuguesa: o governo é mau e o PS não é alternativa. Mas, não desesperemos. Há uma alternativa. Porque o grande consenso nacional pedido pelo Presidente da República existe num país que está contra a forma mesquinha com que uma nova mentalidade política europeia ataca as instituições nacionais, a soberania e a dignidade dos portugueses. Tem aí um consenso, vossa excelência. Pode aproveitar e dissolver a Assembleia da República e mostrar ao governo liderado pelo inenarrável Passos Coelho que nem o seu próprio partido está com ele. Que este não é o país que queremos.

29
Nov13

esquerda, direita, volver

jorge c.

Já não nos víamos há algum tempo. O único contacto que temos tem sido feito, claro, pelo Facebook, onde eu vou postando freneticamente, entre canções, manifestação política ou divulgação de outras matérias. Ele raramente interage, manifestando-se de vez em quando numa ou outra música, ou quando assinalo a memória de personalidades mais ligadas à direita. 

Desta vez, encontrámo-nos, no meio de outros amigos. A noite ia longa, tal como a amizade. A conversa foi seguindo e, inevitavelmente, caiu na política e no estado actual das coisas. De repente, vejo-o nervoso com o meu discurso e tento acalmar o tom para que se perceba o que estou a dizer com lucidez e clareza. Ele não aguenta e desata num disparate. Que eu agora sou comunista, que a esquerda é que nos meteu aqui e eu sou o idiota útil deles, agora, e que desde que fui para Lisboa isto e aquilo e aqueloutro. E por aí fora. Disparou com o que lhe estava entalado há algum tempo e que por sabe-se lá o quê, nunca quis discutir.

Esta conversa não é uma surpresa. Ao longo dos dois últimos anos, tenho sido acusado - é esta a palavra - de ser de esquerda por estar contra a conduta de um Governo de direita. Também pela esquerda, sou afavelmente recebido como uma nova aquisição. Para a esquerda, sorrio. Para a direita, mando-os estudar. A direita hoje padece de cultura e de esclarecimento. É ignorante, preconceituosa e pouco esclarecida. Para além de, muitas vezes, ser oportunista e taticista.

Não pretendo fazer aqui qualquer declaração de interesses sobre as minhas escolhas ideológicas. Era o que me faltava. Porém, há uma questão fundamental no meio de tudo isto que urge esclarecer, porque a luta política é cada vez menos esclarecida e auto-crítica. 

A coerência ideológica existe porque as pessoas se mantém fiéis a um conjunto de valores e princípios. Acima desses valores e princípios ideológicos, existem, ainda, outros mais importantes, como a dignidade humana, a liberdade, a igualdade, a solidariedade. A verdadeira incoerência reside em nos afastarmos destes princípios por oportunismo ou circunstancialismo partidário. O resto é mantermo-nos fiéis ao tipo de sociedade em que acreditamos e que juntos, democraticamente, aceitámos construir. Este é o maior valor que temos - a comunidade e o outro.

Portanto, será errado pensar que a minha deslocação foi feita para a esquerda. Em rigor, eu mantenho-me no mesmo sítio. Quem mudou foram aqueles que deixaram de colocar valores e princípios à frente do preconceito ideológico, da fantasia pseudo-liberal e da politiquinha de corredor.

No dia em que o nº2 de Durão Barroso (não sei se estão recordados deste senhor, que ia ser o nosso homem em Bruxelas) diz que é importante baixar salários para atrair investimento, com a maior das canduras, este é um assunto sobre o qual devemos reflectir para decidirmos de que lado é que vamos estar. Eu apenas decidi o meu com a minha consciência.

18
Nov13

sobre o partido de Rui Tavares*

jorge c.

A chegada de um novo partido fundado por pessoas que respeitamos é sempre uma boa notícia. Espero que o Rui Tavares tenha sucesso neste projecto político e que o mesmo sirva como um elemento positivo na discussão de alguns pontos que me parecem mal representados no debate público em Portugal e na Europa. 

Dito isto, e após ter visitado o http://livrept.net/, poderei deixar aqui algumas reflexões, sem a pretensão de querer dar uma opinião muito assertiva sobre se está certo ou errado. Assumo, antes, que é uma escolha que podemos ter ou não ter, sendo sempre legítima.

Todos os cidadãos têm inquietações e sentem-se, muitas vezes, órfãos de partido. É assim que, por exemplo, eu me sinto, hoje, à direita. Os partidos precisam de ser melhorados, reforçados com qualidade e valor político. A divisão, dentro da mesma linha ideológica, pode aprofundar um caminho de política única, sem equilíbrio democrático. Pode, também, potenciar o clima de guerra (não conflito) ideológica que tem vindo a crescer nos últimos 10 anos. Nestas alturas, exige-se alguma responsabilidade na previsão do futuro, na dogmática dos partidos que transmite segurança aos cidadãos. Não significa isto que não haja um espaço vazio, sem intervenção. Mas, haverá ou será apenas uma micro-narrativa circunstancial ou puramente ética?

O espectro ideológico português é muito semelhante ao tamanho do país. Em rigor, no seio da opinião pública, não existe um leito assim tão grande que afaste as duas margens de tal modo que se torne impossível distinguirem-se à distância. A única forma de entrar um elemento novo é penetrar no meio, indo buscar alguns inadaptados e aquilo a que Tavares chama de independentes (uma parte substancial da sua geração que nunca se quis comprometer partidariamente - uns por cobardia, outros por snobismo). Nessa lógica, todos os simpatizantes de partidos que não fossem militantes (ou seja, independentes) por não se identificarem com meros comportamentos, criariam partidos. Seria confuso e pouco sensato.

Na declaração de interesses deste movimento proto-partidário podemos encontrar um conjunto de intenções, ou de boas intenções, se quisermos. Não muito mais do que isso. Não há uma apresentação da possível composição, estrutura de órgãos e de competências, sendo que a formalidade é um factor nuclear para a segurança do militante relativamente às suas expectativas e à sua confiança no partido. Não há, também, uma definição ideológica clara. É, talvez, ainda mais dispersa que a do Bloco de Esquerda, um pouco à semelhança do PSD e do PS - um catch-all-party embrionário. O que, em rigor, nada nos diz. Passa um pouco por aquilo que está na cabeça de Rui Tavares e de uns quantos seguidores. Nada é comunicado para o exterior, como se a posição ideológica fosse óbvia. E é aqui que reside a falta de humildade inicial do movimento e, atrever-me-ia até a dizer, o elitismo da auto-admiração e do auto-reconhecimento. É um movimento político que nasce mais para a internet, para as redes sociais, do que para as ruas e isso terá, naturalmente, as suas consequências. Quer dizer que as redes sociais não são, também elas, ruas? Claro que são e muito importantes. Mas, os eleitores exigem sempre a proximidade dos agentes políticos e é preciso admitir que existe um fosso enorme entre aquilo que nós achamos que é o futuro e aquilo que é o presente e a realidade dos povos. Sem ilusões.

Por último, julgo que há na declaração de princípios, na organização e na missão um conjunto de valores universais. Ser europeísta, ser ecologista, ser anti-tacitista, etc, etc. não são valores ou princípios exclusivos de um partido. E ser de esquerda não é um campo ideológico único, nem uma virtude em si e por si. Muitas das questões que Tavares aponta são questões éticas, como já havia dito em cima. A ética não é partidarizável. Portanto, o discurso inicial é o discurso de um candidato independente que se julga moral e eticamente acima dos seus semelhantes e que acaba por não ter um projecto amplo com longevidade bem definido, sendo que as suas preocupações incidem fundamentalmente num período muito específico da sociedade portuguesa - propício a isso, em boa verdade.

 

 

*Entenda-se este título como uma provocação. É evidente que sabemos que Rui Tavares foi apenas o impulsionador e que a sua vontade é que o movimento seja total e absolutamente colectivo e democrático. Não me restam dúvidas. Mas, à mulher de César, lá diz o ditado. 

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