Tatuagem
Por cada corpo que cai, uma aflição. Todos os anos. A memória. Onde estavas eu estava ali e eu ali e eu a fazer e a acontecer o mundo inteiro a mexer-se e Nova Iorque a dormir como se alguém sonhasse alguma vez que o mundo a humanidade se violentasse assim. Eu estava lá longe a decorar critérios e normas e conteúdos de normas para quê? para que a memória não falhe a dogmática mesmo não estando lá. "A falsa intimidade da televisão", da dela, a preto e branco os corpos a cair a humanidade a cair e a memória todos os anos de uma falsa intimidade da televisão a preto e branco e o telefone de S. a tocar para dizer que o mundo está a cair, a angústia em directo e as lágrimas que caem todos os anos porque o mundo está a cair. E a memória sempre a memória a correr como algoritmos para que não te esqueças dos critérios das normas determináveis que determinam e que deixam de determinar e que precisam da nossa conformação até que nos conformamos e o mundo começa a cair aos poucos e reconstrói-se aos poucos ferido no orgulho e na inocência, a reagir ao medo aos barbudos ao diabo. Não é a bolsa que está a cair estúpido é o mundo e nós com ele a magoar os outros por causa do medo e a tolerância escrita em algoritmos vê lá não te enganes que não pode ser com todos só com alguns. Acordar outra vez em Nova Iorque todos os anos para que a memória te ajude a pensar em dias melhores.