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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

21
Mai11

Coisas realmente importantes

jorge c.

"Ponto primeiro: nós, com esta política de concorrência não vamos a lado nenhum. O PSD não abre a boca sobre o assunto. Nós, com esta autoridade de concorrência, não conseguimos garantir condições para uma política de concorrência sã, não conseguimos garantir que players novos entrem nos mercados..."

 

Paulo Portas, hoje, em entrevista à Única (sem link)

09
Mai11

ética, integridade e história

jorge c.

Quando Pauline van der Meer Mohr falava há uns dias sobre ética, integridade e história como aquilo que é fundamental ensinar às futuras gerações de gestores (e não só, digo eu), lembrei-me deste artigo que tinha lido há umas semanas na Economist.

De facto, a nossa concepção do ensino superior têm andado às avessas com as necessidades reais. Pensar que tantas vezes servimos urgências inconsequentes do mercado e ignoramos a consistência social, económica e cultural é algo que nos deveria envergonhar.

A velocidade do mercado é inimiga da serenidade operacional. Mas sem uma serenidade operacional e instrumental dificilmente conseguiremos contribuir para o desenvolvimento da comunidade para que estamos a trabalhar. No fim, percebemos que é uma pescadinha de rabo-na-boca. Por isso é fundamental que se compreenda um conjunto de realidades sem olhar para elas de uma perspectiva meramente lucrativa. Podemos chamar a isto a função social das empresas.

Não é apenas aos alunos que compete uma maior aplicação formal, nem se chega lá com palestras de esclarecimento. Agir no seio da academia passa por criar espaços de interesse comum que entusiasmem os alunos numa aplicação material na sua formação. Não falamos só do contacto com as necessidades reais dos mercados primários, mas também com as carências sociais das comunidades, bem como a percepção das diversas lideranças que se encontram espalhadas por todo esse universo, desde o poder político ao poder social.

Trabalhar neste âmbito é mostrar às novas gerações as vantagens da sua própria rede social real, é dar-lhes cultura social, é conduzi-los pelo caminho da integridade e do respeito por valores essenciais. É estranho que ainda tenha de se explicar isto como se fosse uma novidade.

11
Mar11

Presente e Futuro

jorge c.

"A zona euro continua a ser uma coleção dos Estados soberanos. Esse é que é o nó da questão."

 

Esta conclusão está lá bem no fundinho deste artigo e é, só por si, um artigo. Mas é interessante lermos o que se está a discutir em toda a Europa e observar a discussão ao nível pátrio. É claro que o Governo português tem razão quando diz que é de um provincianismo atroz discutir uma moção de censura sem referir o peso maior da crise internacional e a situação político-económica da União Europeia. Lemos e percebemos que há decisões políticas a tomar. Chegamos a um ponto em que o federalismo europeu tem de ser trazido à colação, de vez.

Para mim, enquanto soberanista, é difícil entrar neste assunto com imparcialidade, mas com o cenário actual só se pode enfrentar o bicho de caras. Há interesses superiores. O federalismo é uma solução. Mas, haverá outras soluções? Eu julgo que sim, que absorver politicamente o destino económico e social da União Europeia passa por ingerir na cultura e nos costumes de cada Estado-membro. É inevitável. E quando falo de cultura falo em todos os instrumentos industriais de fabricação - chamemos-lhe assim - cultural. Por isso tem de existir uma solução alternativa. Mas, isto seria uma outra discussão.

É importante agora compreender o que se vai passar no Conselho. Soubemos hoje que a Comissão Europeia está satisfeita com as medidas tomadas pelo Governo português, o que é um bom sinal nem que seja por uma questão de autoridade moral face aos nossos parceiros europeus. Nós fizemos a nossa parte, agora façam vocês a vossa. É tempo de parar uma pressão dos mercados que deixou de se justificar e que já não está ao nosso alcance responder.

Contudo, não se pode falar de Europa para umas coisas e negá-la noutros aspectos. A situação a que Portugal chegou talvez fosse evitável se o Governo tivesse percebido a tempo (em 2008) que era preciso interromper algum investimento e tomar algumas medidas de precaução. Não por causa dos assustadores mercados e do risco abstracto a que nos colocam agora mesmo, mas antes porque tinha um compromisso formal na contenção de contas públicas assumido com todos os Estados-membros, nomeadamente os limites do défice. A responsabilidade do Governo, nesta matéria, reside precisamente aqui. E não se pode esconder esta realidade com o argumento da "crise internacional". É uma desresponsabilização que tem de ser bem colocada em cima da mesa. Porque senão era escusado termos Governo. O problema é que isso seria dar razão a Manuela Ferreira Leite. Uma chatice.

Temos então três tópicos em cima da mesa: a responsabilidade interna do Governo; a resolução imediata do problema da dívida; e o problema nuclear do sistema político europeu.

10
Mar11

Enriqueçam, meus queridos

jorge c.

Ora então muito bom dia a todos. Queria aqui anunciar em primeiro lugar que hoje é dia 10 de Março e, agora que estamos todos familiarizados com o conjunto musical Bloco de Esquerda, podemos seguir com as notícias do dia que nos fizeram chegar à capa da Forbes. Está tudo bem já que mantemos 3 cavalheiros nos mais ricos do mundo. Eu fico muito satisfeito. Até acho que devíamos começar a tratá-los como tantas vezes fazemos com profissionais da Pátria. Sempre que alguém se referisse a Belmiro dizia "o nosso Belmiro de Azevedo". Ou então, "o nosso Américo Amorim". Devíamos ter orgulho nos nossos milionários que parecem fazer sucesso lá fora. Essencialmente é isto que nos falta. Basta de ressentimento com o'rrricos. Vamos deixá-los ser ricos e criarem postos de trabalho para que o país cresça e para que, assim, acabemos com os pobres. Não era muito mais espectacular acabar com os pobres? Olhe que sim.

12
Jan11

They locked up a man who wanted to rule the world, the fools, they locked up the wrong man

jorge c.

Gostava imenso de saber mais de economia para poder compreender todas as desculpas possíveis para desresponsabilizar governos. É claro que eu discuto sempre da perspectiva da ignorância e longe de mim criticar gente tão informada e conhecedora das circunstâncias.

O meu problema é que eu tenho uma tendência para a assunção de responsabilidades em política, e por mais que a economia esteja sempre dependente das tais circunstâncias e se torne muito difícil prever o comportamento dessa corja de malfeitores que por aí anda à solta no mundo, não posso deixar de acreditar que a prudência e a responsabilidade são factores chave para a antecipação de problemas. Ufa, que grande frase...

Posto isto, restam-me algumas questões. O governo português, ao que se sabe, está integrado, juntamente com o Estado que representa, numa União Europeia. Assim de repente, o governo é bem capaz de estar a par das restrições orçamentais a que essa União obriga. Não será que, nesse sentido, seria de assumir a responsabilidade do não cumprimento daquilo a que se comprometeram perante os seus pares? Seria também interessante perguntar a razão de colocar a culpa num partido europeu. Tenho uma péssima memória e um arquivo pobrezinho mas, se não estou em erro, foi o actual governo que promoveu e assinou o Tratado de Lisboa, conhecendo os riscos  das imposições dos países mais fortes e conhecendo a estrutura política da UE. Se calhar aproveitava o facto de estarmos aqui todos e perguntava se faz sentido basearmos a nossa posição relativa a responsabilidade política em factores hipotéticos e sistemas financeiros que não existem, ou se era capaz de ser mais lógico responsabilizar a política pelo sistema real e efectivo em que ela assenta.

Em todo o caso, por amor de Deus, não quero estar aqui a pôr em causa a verdade do sistema financeiro que corrompe o homem e assumo desde já toda a minha ignorância. São só algumas questões que me surgiram durante a noite e nestas coisas devemos sempre falar para não ficar com nada cá dentro, não vá o diabo tecê-las.

28
Dez10

Momento solidário

jorge c.

Se há alguma coisa que me tira do sério é a esperteza saloia. Por isso mesmo não poderia estar mais solidário com a situação contratual da Jonas com a Ensitel. Mas para agravar isto ainda temos o total descaramento desta empresa em tentar cortar o pio às críticas que lhe foram feitas. Se é certo que há uma decisão em tribunal, também é certo que essa decisão se circunscreve apenas à resolução do conflito e não apaga todo o histórico da relação entre as duas entidades, pelo que se torna inconcebível uma tentativa de censura deste calibre. É que não vejo outro motivo para a empresa recorrer aos tribunais para que a Jonas apague os seus posts sem ser com base num caso julgado. Nem quero acreditar que alguém se possa ter sentido ofendido com o tom coloquial da Jonas naqueles posts, porque isso seria apenas um problema da Ensitel em viver em sociedade (motivo bastante para se dar ordem de encerramento compulsivo à empresa, olha agora não saber viver em sociedade...). E, portanto, como dizia, se a matéria do caso julgado não é objectivamente a natureza da relação contratual mas sim a decisão sobre o efeito, então o que aqui temos é um explícito atentado contra a liberdade de expressão.

Say goodbye to another one.

07
Dez10

O big show está no ar

jorge c.

Tenho um amigo que acredita que em Portugal não há mercado suficiente para fazer comunicação (social) alinhada com determinada cor política, como é a prática nos EUA, em França ou em Espanha. Simplesmente não há mercado. Porque se houvesse se calhar até era melhor, diz ele. Eu acredito que sim, não sei. Mas sei que, de facto, o mercado é curto e, por isso, qualquer tentativa de o fazer só pode dar barraca, à partida. A não ser, claro, que estejamos a falar de capital vindo do Além e que está sempre a ser injectado mesmo que o projecto em causa seja um fracasso de comercialização.

Por tudo isto, não deixa de ser engraçado que estas duas simpáticas personagens da ficção política portuguesa tenham dado as mãos unindo-se para um fim que descobriremos mais tarde qual é. Para já, não vale a pena especular, mas vai ser muito divertido assistir a este big show.

 

Ler devagarinho este post, que se não fosse a Alda tinha-me escapado.

10
Nov10

Exportar é preciso

jorge c.

O Dr. Faria de Oliveira foi a Gaia reforçar aquilo que havia dito ontem o Presidente da República: devemo-nos preocupar e concentrar nos mercados primários. Até aqui tudo bem. Mas, como impulsionar algo que necessita de dois sectores fundamentais (o primário e o secundário) que estão, neste momento, decrépitos? Com um sector terciário confuso e desorganizado, torna-se difícil não entender estas palavras como meros lugares comuns, algo que temos de dizer para disfarçar a nossa total impotência relativamente aos mercados secundários. É que - vai-me desculpar o Dr. Faria de Oliveira - a preferência dos portugueses nos produtos nacionais a curto prazo é algo demasiado subjectivo para que possamos ter alguma confiança nela.

Tenho defendido a suspeita de que pouco temos para exportar, que o volume de negócio da grande maioria das empresas portuguesas é insuficiente para concorrer lá fora e que podemos estar a apostar nos mercados errados (Angola, por exemplo). Posso perfeitamente estar enganado, até porque essa minha suspeita não passa de mera especulação. Acontece que até agora nada me provou o contrário, salvo raríssimas excepções.

09
Nov10

Vinhos de Portugal

jorge c.

Sogrape has not only succeeded in creating what is considered by many to be the quintessential Portuguese wine, Mateus, they have managed to move beyond its origins to succeed in both volume brands and with some of the most iconic wines in Portugal. These achievements are a testament to the sense of purpose of the Guedes family, still running this family-owned firm. For this willingness to continually develop, for its ability to successfully promote its many brands and for its role as a flagship Portuguese wine company, we are proud to award Sogrape Vinhos the Wine Star European Winery of the Year 2010.

Casos de sucesso, é disso que estamos à procura? Pois parece que a comunicação social portuguesa ignorou um dos prémios mais importantes no mundo dos vinhos. Este prémio de Melhor Produtor atribuído à Sogrape Vinhos é um reconhecimento de qualidade, não só à empresa como aos vinhos portugueses. Já no ano passado 3 vinhos portugueses estiveram entre os 20 melhores na escolha anual da Wine Spectator, sendo que dois deles eram também desta empresa.

Estamos a falar em matéria de exportação e, acima de tudo, em valorização cultural. Somente isto.

04
Nov10

A função social das empresas

jorge c.

Se um dos problemas do país é, neste momento, a crise de valores, temos de perceber de que valores estamos a falar. Não se pode apenas atirar para o ar um pacote de lugares comuns do moralismo. É preciso avaliar com atenção a função de cada um no meio.

O que entendemos, então, por função social das empresas? Para além da evidente relevância que as empresas têm no desenvolvimento social e do impacto dos seus produtos e serviços, estes sujeitos têm uma função interna para a estabilidade das comunidades. A sua organização é fundamental não só para responder ao mercado como também para dar qualidade de vida aos seus trabalhadores. Não são, por isso, positivas as cargas horárias impostas pelos empregadores, nomeadamente a jovens trabalhadores que estão dispostos a tal por se encontrarem no início de carreira e recearem o desemprego.

Pode parecer um assunto insignificante, mas não é. Repare-se que com uma carga horária pesada não é possível viver fora das empresas, despender tempo para as famílias, aproveitar as vilas e cidades, patrocinar actividades socio-culturais, não só criando públicos como participando; não é possível, enfim, viver, ter vida, mundo. E a falta de mundo é hoje um problema grave no seio das empresas, porque dele nasce a compreensão, a inteligência e a capacidade de evoluir. Mais: quanto maior é o volume de negócio da empresa mais esse cuidado deve ser tido em conta. É que, no fim de contas, o cansaço da dedicação sem retorno desgasta a imagem de qualquer negócio. No limite, a insatisfação gera desconforto e insegurança e isso pode ter efeitos perigosos - a saúde, por exemplo.

Este é, sobretudo, um problema de organização. Gastam-se rios de dinheiro em acções de formação, de motivação e coaching, mas é-se incapaz de olhar para dentro e perceber um grupo de pessoas.

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