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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

15
Abr14

sempre!

jorge c.

Aproximam-se as comemorações dos 40 anos de 25 de Abril Sempre Fascismo Nunca Mais! Ainda que tímidas, ou resignadas à letargia dos dias que passam, já se vão vendo algumas iniciativas. É pouco, pensamos. E sente-se um clima de saudosismo aterrorizador. Pergunto-me se a maioria sente o peso da liberdade, o que é que isso significa. Porque não acho normal considerar-se que a economia deve prevalecer sobre a liberdade. A verdade é que houve uma cedência ao populismo dos partidos do governo e a todo o discurso contra a legitimidade do bem-estar e da qualidade de vida que conquistámos lentamente. E um dos pontos em que se sente aquele saudosismo aterrorizador é no argumento desvalorizador da própria revolução. Tem-se ouvido dizer que não é uma revolução do povo, que só serviu interesses corporativistas, etc. Ora, esta tentativa de desvalorização é perigosa porque manipula a história com um objectivo evidente. De facto, a revolução foi executada por militares. Mas, foi do sacrifício pessoal, familiar, político e colectivo de milhões de pessoas durante 41 anos que reunimos as condições para reivindicar um regime democrático, justo, equitativo, nobre e digno. E ainda depois da revolução, foi da conquista diária do respeito pela dignidade que se fez a democracia e se celebrou a liberdade, a igualdade e a fraternidade dentro de casa, no trabalho, no género, nas identidades, nos cafés, nas associações, nos partidos e em tantas outras coisas que só a ignorância e o obscurantismo podem fazer esquecer.

Por isso, celebremos essa liberdade. Sempre.

24
Abr12

Os Donos de Portugal

jorge c.

Na última entrevista que deu à RTP, a certa altura, Melo Antunes fala do Dr. Soares e relativiza o seu papel na Revolução. Melo Antunes foi o único homem sensato que alguma vez vi a falar do 25 de Abril e, fundamentalmente, da Democracia a partir do 25 de Abril. Já o Dr. Soares gostou sempre de vir de cabeça de fora no comboio, como as crianças nos carros, a chamar à atenção. A mitomania do Dr. Soares faz dele uma personagem caricata. Não quero aqui retirar-lhe as virtudes políticas que serão, certamente, mais do que muitas. Porém, ao longo da sua vida, o Dr. Soares foi criando realidades paralelas. Os Soaristas, em nome do ideal social-democrata, nunca o interromperam. Nunca se interrompe o arauto, pois que é ele que leva a chama. Mesmo que ele esteja a dizer um enorme disparate. O disparate maior foi sempre o sentimento de detenção da Revolução. Afinal, a revolução é do Povo ou é da Esquerda?

Desta vez, o Dr. Soares achou que deveria ficar solidário com a Associação 25 de Abril. Nada contra. Mas, fará sentido? Segundo podemos perceber das palavras de Vasco Lourenço, o problema dos militares de Abril é a Troika e aquilo que para eles é um ataque à soberania nacional. Não vou agora tecer comentários sobre como é extraordinário ver pessoas que comungaram da Internacional Socialista defenderem a Soberania Nacional. Adiante.

Ora, sendo uma parte significativa da não participação da Associação 25 de Abril nas comemorações oficiais do 25 de Abril a dinâmica político-económica em que Portugal está envolvido, não me parece que nem o PS e muito menos o Dr. Soares estejam fora desta crítica. Senão, vejam bem, com olhos de ver, este link que vos deixo. É de uma pessoa ficar espantada com a tamanha lata. Ou não.

É que o grande pretexto para este discurso é a posse da revolução. Parece que se torna insuportável que a democracia aceite um governo que não segue as políticas que nós queremos. Mesmo tendo agido este legitimamente e não havendo, até à data, sinais de uma ruptura com o cânone democrático instituído pela Constituição da República Portuguesa. É que a Associação 25 de Abril não representa nem a CRP, nem o Povo português mas, antes, representa-se a si própria.

A decisão de Mário Soares torna-se, assim, incompreensível. Até porque o próprio já esteve numa situação semelhante, noutras circunstâncias, e ficou, igualmente, refém do apoio externo. Soares mostra que, acima de tudo, não tem qualquer respeito pela democracia, que não a compreende e que não percebe que esta não tem uma ideologia fixa. Ficará para sempre ligado a uma corrente de detentores da democracia. Esses sim, os donos de Portugal.

25
Abr11

A esperança que a democracia tem

jorge c.

A solução encontrada pela Presidência da República para a celebração do 25 de Abril em cerimónia solene foi muito bem conseguida. Sem Assembleia da República, era urgente marcar este 37º aniversário do 25 de Abril com uma cerimónia simbólica e forte. Era, por isso, de esperar que os discursos dos ex- Presidentes e mesmo o do Presidente se centrassem no momento sui generis da democracia em que nos encontramos.

De um modo geral, todos os discursos foram conduzidos pela mesma narrativa, apesar de diferenças significativas na sua gestão entre passado, presente e futuro. E é precisamente no momento actual que todos convergiram numa mensagem de cidadania e responsabilidade de todos, uma mensagem clara para uma democracia regenerada e revigorada. Talvez daí ter sido transversal a ideia pessoana de uma consciência de nós próprios e do que queremos fazer de nós.

Neste sentido, o discurso de Jorge Sampaio tem o brilhantismo da leveza e da serenidade, da lucidez do compromisso e da assunção dos erros. Sem dramas. Mas será necessária uma nova atitude, diz Sampaio. E essa atitude passará sempre por uma restauração da confiança para que possamos crescer consistentes. Também Sampaio se deixou convencer pelo problema do défice. A vida foi secada pelo défice e agora é preciso uma solução. Ironias do destino.

A tónica da integração europeia foi de Mário Soares que, num discurso competente, mostrou um quadro evolutivo da nossa existência em democracia e que passa hoje, fundamentalmente, por uma existência europeia. A cidadania europeia, coisa em que muitos ainda não pensam, é essencial para uma adequação mais justa e equitativa das regras, para uma maior solidariedade europeia. Para Soares, a crise cresceu dessa falta de solidariedade.

Eanes voltou um pouco ao mote de Sampaio, no sentido da autoconsciência. No entanto, concentrou-se mais na ideia de responsabilidades passadas, na "passividade cívica", na irresponsabilização individual e política. Foi também o único a lembrar os perigos da demagogia num contexto tão difícil. No fundo, foi um discurso muito semelhante ao de Sampaio na sua natureza, mas com um tom negativista que se afastou de todos os outros e que talvez tenha pecado por esse tom excessivamente negro.

É interessante ver como tudo isto traça o nosso perfil. Entre a saudade e a esperança, entre a culpa dos outros e a nossa própria culpa. Cada um a seu jeito, com raros movimentos de equilíbrio. Porque responsabilidade é a palavra que nos consome e que nem sempre sabemos o que fazer dela. Ela está ali, existe, nós sabemos isso e usamo-la em proveito próprio.

Salta também do discurso de Ramalho Eanes a ideia de um consenso político alargado que irá servir o discurso de Cavaco Silva. Ficou no ar se esta ideia pretende ser uma mensagem para os partidos se entenderem formalmente ou para deixarem apenas quezílias menores de lado. Mas o Presidente não insistiu e preferiu transmitir outra mensagem que pairou em todos os outros discursos: a ideia de que há gente capaz e competente, de que há uma esperança e um futuro, de que podemos ter cada vez mais mérito. E tudo isto só pode crescer e melhorar com uma cidadania forte e com o exercício exemplar da mesma, desde o voto ao caminho comunitário, feito de esforço colectivo. A História, lembrou Cavaco, existe para nos superarmos. No fundo, hoje como nunca, está nas nossas mãos.

 

 

24
Abr11

A Melo Antunes

jorge c.

 

Estou muito indeciso em descer a avenida amanhã. Para mim seria a primeira vez porque este é o momento de marcar uma posição: este é o sistema em que eu quero viver, para além das suas fragilidades. Esta é a liberdade que eu quero para o meu país, uma liberdade responsável e legitimamente escolhida e representada. Devo isso a muita gente. Mas ainda tenho dúvidas em ir e descer ao lado daqueles que nunca me quiseram lá. Não que as gentes da minha linha ideológica façam questão de marcar presença, mas também há quem as veja como indesejáveis. Por outro lado, quero combater esse entrincheiramento e contribuir para uma democracia saudável em que se compreenda, de uma vez por todas, que em democracia cabemos todos. Descer essa avenida é, enfim, caminhar em liberdade mesmo que ao lado de quem não ache que somos dignos. Portugal e a democracia não têm donos.

 

Devo isto a Melo Antunes.

24
Abr11

Ler e ouvir a Irene, sempre

jorge c.

A historiada Irene Pimentel não gostou das declarações recentes de Otelo Saraiva de Carvalho, que disse que, se soubesse como o país ia ficar, não teria feito a Revolução, contrapondo que "todos os portugueses são donos do 25 de Abril".

 

Se carregarem neste link que aqui vos disponibilizo - carregue neste link disponibilizado - podeis ainda ter a sorte de ver a Irene a dizer tudo isto e muito mais.

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