As nossas mulheres
Há, nos últimos dias, mais um tipo de conversa que a-d-o-r-o: as mulheres na política. De repente, com a eleição de Assunção Esteves, parece que voltou aquele velho chavão feminista serôdio de que "mulheres na política é que é". Contra a opressão, diz a própria Assunção Esteves.
É um tipo de conversa que me enjoa por ser redutor e por não avaliar aquilo que de facto é essencial. Na política quero pessoas competentes. Pouco me importa que sejam homens ou mulheres. O que não quero é que sejam colocadas pessoas em cargos por causa do seu género, independentemente de qual seja.
Se há algum problema com as mulheres na política é, muitas vezes, a sua pouca mobilização. É claro que a sociedade continua a ser sexista, não é isso que está em causa. Até há uns anos atrás, em média, as mulheres recebiam menos 30% do que os homens para ocupar um mesmo posto com a mesma responsabilidade. Isto sim, uma preocupação.
No meu universo pessoal, por exemplo, encontro mais mulheres a dizer que não gostam de discutir política do que homens. Não é significativo, mas ajuda-me a compreender que, acima de tudo, é um problema cultural, venha ele de onde vier. A luta parte das mulheres, é um facto. Mas não pode passar pela vitimização e a espera de que umas quotas resolvam um assunto, que está a montante, para devolver a dignidade do género. É uma absoluta falta de noção da vida no geral. Causas fracturantes, com toda a tonalidade do desprezo que a expressão possa ter.