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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

08
Nov11

Notas de actualidade

jorge c.

1. As declarações e posições do Governo sobre política de transportes têm sido, nas últimas semnas, desastrosas. Um Secretário de Estado ou um Ministro não podem ter opiniões de taberneiro sobre um assunto que define, em rigor, os índices de urbanidade de um país. A política de transportes do Estado não é um negócio, é uma necessidade. Os riscos de prejuízo são altos e a discussão tem de ser feita. O que não pode acontecer é que a posição subjectiva de um governante que acordou revoltado com os transportes prevaleça sobre as reais necessidades da população. O taxismo começa a ser uma realidade assustadora na linguagem da governação.

 

2. A Greve Geral não pode ser encarada como um atentado ao desenvolvimento do país. Na base da Greve está uma reinvindicação legitimamente definida pelos trabalhadores e sem interferência do Estado, tal como dispõe o art. 57º da CRP. Não se trata, portanto, de um posicionamento político sobre uma atitude mas, antes, uma atitude sobre um posicionamento político. Os grevistas sabem, antes de mais, que qualquer despropósito reivindicativo pode valer-lhes a falta de solidariedade dos outros cidadãos, o que seria contraproducente. Uma greve é um direito e a esse direito corresponde directamente um dever, o da salvaguarda de um Estado de Direito Democrático.

 

Por favor, não percam a memória.

25
Nov10

Da greve de cidadania no 25 de Novembro

jorge c.

A conversa é sempre a mesma. Um diz oito, outro diz oitenta. Já ninguém leva a sério os números da greve. Quer isto dizer que a greve é uma manifestação em declínio? Gostava de acreditar que não.

A política banalizou-se. Por todos os meios de comunicação ouvem-se pessoas dizer as maiores alarvidades populistas assim que lhes põem um microfone à frente. É a crise, os patrões, os ricos, o poder - tudo aquilo que for grande e que possamos apontar como culpado da nossa eterna desgraça proletária. E é também este pensamento proletário que torna as reivindicações absolutamente inócuas. Já ninguém leva a sério as centrais sindicais e as manifestações na rua são desvalorizadas. A propaganda abafa parte das reivindicações e os problemas diários dos portugueses são também desvalorizados. Nunca se chega a saber, em rigor, o que se passa. Ouve-se muita coisa. Há demasiado ruído e depois desse ruído há ainda os donos da verdade que sacam sempre coelhos da cartola - ilusionismo puro para desviar a atenção do centro dos truques.

Tenho, para mim, que um dos maiores problemas da desvalorização política é a propaganda. E depois disso a contra-propaganda.

É um dia histórico, este em que celebramos a consolidação democrática; este em que nos afastámos dos extremos e em que começámos um processo de plena democracia participativa, de debate e de mérito. Em vez disso, demos lugar à propaganda, permitimos a demagogia e deixámos a democracia sedentarizar vivendo apenas do voto.

Não é a greve que está em declínio, mas sim a cidadania, a participação e o altruísmo.

22
Nov10

Os tutores da democracia

jorge c.

Uma parte significativa do país é tendencialmente socialista. Digo socialista no sentido que tomou o Partido Socialista e, por tanto, é um eleitorado que sente uma certa obrigação de ser de esquerda, estando no centro e promovendo as políticas do chamado bloco central. Há uma espécie de dogma, ou até conveniência, em se ser de esquerda, em valorizar o factor social, como se os outros partidos fossem avessos a esse mesmo factor. Ainda hoje, parece que ser de direita, mesmo que ao centro, dá mau aspecto e não fica nada bem numa mesa.

O PS ganhou com isto e com a ideia falsa de uma suposta paternidade da democracia portuguesa. Há quem diga até que o Estado se confunde com o PS. Não é uma afirmação totalmente descabida.

Senão, repare-se num certo ruído que por aí anda desde o planeamento da Greve Geral. Ouvem-se vozes próximas do PS que não encontram um grande propósito nesta greve. Chamam-lhe extemporânea ou desadequada. Nós, que achávamos que o socialista de convicção defenderia sempre a força desta manifestação (não falo em direito porque dir-me-iam certamente que "ninguém falou em direito à greve", o que é verdade), ficámos um pouco incrédulos. Mas faz sentido.

É natural que a família mais próxima do PS, que lhe atribui o epíteto de maior partido português, num sentido amplo, não veja com bons olhos a greve em massa contra um governo socialista e confunda esta manifestação com uma espécie de atentado contra a estabilidade do país (económica e política). Porque para este grupo de cidadãos, a estabilidade da sua família política e do seu programa é muito mais importante do que a insatisfação social.

Admito que o tempo para esta greve foi há um ano e meio atrás, quando a Dra. Ferreira Leite avisou sobre os riscos da dívida. Na altura, ninguém ligou. Agora, aqueles que já começam a sentir na pele os efeitos do irrealismo governamental face ao endividamento querem mostrar o seu desagrado. Devem fazê-lo. Independentemente da demagogia sindical, as pessoas não são estúpidas e têm personalidade política suficiente para achar o que devem ou não fazer.

O Estado não é o PS. Temos todos muita pena porque de certo que ia ser um regabofe, mas não é. Em democracia a extemporaneidade da manifestação não existe.

 

 

Nota: Muitas das observações que faço, a grande maioria, partem de um conhecimento empírico e são pura e simplesmente uma opinião. Da minha percepção da realidade nasce uma posição que tento defender em virtude dessa percepção. Não há aqui qualquer pretensão doutrinária.

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