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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

28
Dez12

as minhas coisas favoritas

jorge c.

Em alturas como esta oferece-se dizer que só valorizamos as coisas quando as perdemos. Mas, logo viria alguém discutir o lugar comum e a falta de sofisticação, a pouca urbanidade da coisa e a necessidade de seguir em frente. É a chamada ética dos fúteis. 

É uma merda perder as coisas. É uma merda que sejamos poucos a tentar mobilizar as pessoas para os lugares que sabemos mágicos, onde o tempo não passa e se mantem estático para que, então, uma certa transcendência nos coloque os olhos no futuro. É isso que o Jazz nos faz. É o mais perfeito instrumento da consciência livre.

Pouco pretensioso, o jazz é da rua, é dos bares generosos. Quando as ruas e os bares perdem o jazz, nós perdemos um pouco mais de liberdade, de oportunidade para lançar a conversa num precipício interminável, empurrada pela enxurrada de uísque e de fumo livre.

Hoje, de manhã, acordei com uma notícia amarga. O Catacumbas - o último speak easy, digno do nome, na cidade - fechará em fevereiro. Talvez seja mais uma das consequências do tempo que vivemos. A crise. Porém, pergunto-me se a verdadeira crise não será a mesma história de sempre: a desvalorização das coisas, a troca do brinquedo velho pelo novo, a ditadura da novidade e do trendy e assim sucessivamente. 

Este é o meu maior ressentimento, não o nego. Porque não gosto de perder as minhas coisas favoritas. 

 

 

Até jazz, Manel.

29
Abr11

Do interesse público à futilidade

jorge c.

Nos últimos dias tentei evitar falar no casamento real britânico. Não que tenha alguma coisa contra a perpetuação pública do amor. Muito pelo contrário. Adoro a perpetuação pública do amor e principalmente a perpetuação pública dos escândalos depois do amor. Simplesmente não vejo qualquer relevância no acontecimento, como também não vejo na questão das primeiras-damas e de todo um conjunto de situações que não cabem na minha concepção de República. Acredito que a consolidação do Reino a partir da família real seja uma característica fundamental das monarquias. A solidez familiar pode também ser encarada como um símbolo de conservação da unidade nacional. Nas Repúblicas isto é um absurdo. São outras realidades e devemos compreendê-las no seu contexto cultural e político.

Acontece que os media portugueses tiveram um ataque de caspa e entrou tudo numa histeria cor-de-rosa, em modo sensacionalista. De manhã ainda vi João Adelino Faria animadíssimo a comentar vestidos e protocolos na RTP como se estivesse a apresentar o Fama Show. Agora, à tarde, dou com a página do Diário de Notícias neste estado:


.

 

 

Que os media considerem que o acontecimento serve o interesse público, é discutível, mas aceito. Que se transformem em revistas cor-de-rosa não é de todo tolerável.

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