É a comunicação, estúpido
Há umas semanas assisti à entrega anual dos prémios do Instituto de Negociação e Venda (INV). Nessa cerimónia falou-se muito de tendências do consumidor. Também se falou muito de internet, como uma novidade que anda por aí. Acredito que para a grande parte dos empresários que se encontravam na sala a internet seja mesmo uma novidade. Não é de espantar da parte de quem vê no consumidor uma tendência.
Durante anos, as empresas habituaram-se a tratar os consumidores como cobaias de marketing e só muito recentemente decidiram apostar na qualidade dos serviços. Parece que o consumidor descobriu-lhes a careca. Mas, para esta nova tarefa é preciso estar na internet. Ora, estar na internet não deverá ser um processo muito simples para quem acordou para ela em 2010.
O investimento na comunicação tornou-se uma necessidade das empresas numa altura em que a velocidade de informação ultrapassou o impacto da televisão e dos placards de rua. A prática de muitas dessas empresas não tem resultado. Aproveitaram os departamentos de informática para tratar dos assuntos de internet. Lembra um pouco aquela história dos professores de Electrotecnia serem destacados para dar aulas de Matemática. É que por mais que percebam os seus meandros, é preciso compreender que os assuntos da internet são assuntos de comunicação e não de informática. Eu posso ter uma página toda catita e a sua eficácia ser praticamente nula. Os conteúdos da minha página é que são relevantes; as linhas de comunicação internas é que são importantes; o contacto exterior com os consumidores é que é importante. Tudo o resto é modernização serôdia que parte essencialmente da ignorância.
Se ao invés de desconfiar procurassem e se informassem sobre um universo com o qual não estão familiarizados, muitas das empresas estariam hoje com uma imagem muito positiva perante os consumidores. Nem precisariam de andar com conversas de marketing que cheiram a mofo.
Os clientes são pessoas e as pessoas querem ser tratadas como tal. Isto não é uma tendência, é puro bom senso.