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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

08
Nov11

Notas de actualidade

jorge c.

1. As declarações e posições do Governo sobre política de transportes têm sido, nas últimas semnas, desastrosas. Um Secretário de Estado ou um Ministro não podem ter opiniões de taberneiro sobre um assunto que define, em rigor, os índices de urbanidade de um país. A política de transportes do Estado não é um negócio, é uma necessidade. Os riscos de prejuízo são altos e a discussão tem de ser feita. O que não pode acontecer é que a posição subjectiva de um governante que acordou revoltado com os transportes prevaleça sobre as reais necessidades da população. O taxismo começa a ser uma realidade assustadora na linguagem da governação.

 

2. A Greve Geral não pode ser encarada como um atentado ao desenvolvimento do país. Na base da Greve está uma reinvindicação legitimamente definida pelos trabalhadores e sem interferência do Estado, tal como dispõe o art. 57º da CRP. Não se trata, portanto, de um posicionamento político sobre uma atitude mas, antes, uma atitude sobre um posicionamento político. Os grevistas sabem, antes de mais, que qualquer despropósito reivindicativo pode valer-lhes a falta de solidariedade dos outros cidadãos, o que seria contraproducente. Uma greve é um direito e a esse direito corresponde directamente um dever, o da salvaguarda de um Estado de Direito Democrático.

 

Por favor, não percam a memória.

22
Out11

Breves notas políticas

jorge c.

Gerou-se, a certa altura, a ideia de que qualquer um pode ser um líder se cumprir escrupulosamente as normas consagradas nas 500 bíblias sobre o tema liderança. Daí que, quando olhamos para a Assembleia da República, nos assustemos. Já aqui o disse: Passos e Seguro.

Num período de crise, de desconfiança e insegurança, seria fundamental que o Primeiro-ministro transmitisse confiança e tranquilidade aos portugueses. Há compromissos para cumprir e o Governo deveria estar totalmente seguro das medidas que apresenta para responder a esses compromissos. Ora, não parece estar.

A grande maioria dos portugueses tem uma expectativa legítima chamada Estado Social. Há quem ache que isto é um dogma em que não se pode tocar. Não é verdade. O mundo muda, a realidade transforma-se. A História ensina-nos que não devemos ter nada por certo. No entanto, a um governante cabe o papel de indicar o caminho a seguir em momentos difíceis, sem hesitações e posições dúbias, principalmente quando se trata de frustrar aquelas expectativas. As pessoas compreenderiam melhor o sacrifício se o caminho a seguir não fosse tão duvidoso.

Há nas lideranças uma característica fundamental: a decisão. Acontece que a decisão não é a característica em si mesma. Para decidir é preciso estar preparado e saber o que decidir. Disse muitas vezes de José Sócrates que a determinação não era um programa político.

O que temos neste momento é um Primeiro-ministro que diz que lidera e um País que não o vê assim. Será bom para aprendermos na altura de escolher quem nos deve liderar. Não terá sido por falta de aviso. Mas quem começa por desculpar os seus, por serem da casa, depois terá de aguentar, obrigatoriamente, os dos outros. É uma chatice chamada democracia. Não lhe queiram mudar as regras agora.

19
Set11

O embaraço

jorge c.

A dívida da Madeira está a causar um embaraço dentro do PSD. Acontece que o embaraço suscitou uma reacção pouco nobre e paradoxal: a relativização.

Não podemos, de modo algum, andar durante 6 anos a apontar o dedo por causa de uma relativização politicamente prejudicial e pouco transparente para, depois, cair no mesmo erro. Para além da falta de imaginação é, também, falta de consciência crítica. Esta parece ser a doença dos tempos que correm.

06
Abr11

That's entertainment

jorge c.

Na televisão o primeiro repete o mantra, o banqueiro faz sugestões, o conselheiro acusações, o comentador teve sempre razão, não há oposição nem dinheiro, a agência especula, o credor desconfia e nós, nós vemos televisão com o cachecol na mão.

30
Ago10

Algumas notas políticas dos últimos dias

jorge c.

1. O PCP apresentou Francisco Lopes como candidato presidencial. Era de esperar que o comunista fosse empurrado para algum lado, depois de nos últimos 2 anos ser responsável por alguns comunicados do seu partido. Era um sinal. Mas talvez surpreenda que tão fraca figura seja a cara do PC à mais alta magistratura da nação. Isto sugere-nos apenas que Cavaco tem cada vez mais a vida facilitada.

 

2. O Presidente da República, interrogado sobre a embrionária proposta de revisão constitucional que poderá ser apresentada pelo PSD, respondeu aos jornalistas perguntando se já havia entrado algo na Assembleia da República. É claro que mesmo que tivesse entrado, Cavaco diria que "não é altura para o PR comentar esta situação", como já vem sendo hábito, pois temos um Presidente que prefere comentar filamentos de vacas leiteiras. Mas, a verdade é que foi o único a dizer o óbvio. Ninguém pensou que fosse necessário, mas depois das constantes declarações diabolizadoras e populistas da esquerda, e sobretudo do PS, parece que foi mesmo necessário. A falta de honestidade intelectual é, a cada dia que passa, ainda mais assustadora.

 

3. Ahmadinejad revelou ao mundo o que anda por debaixo das saias do Irão - "um mensageiro da paz que mata". Não tendo prestado muita atenção às características do novo brinquedo de guerra, não posso deixar de reparar que esta postura do Irão face ao mundo inteiro acaba por ter muito menos impacto do que as execuções sumárias no grande público, ou pelo menos em parte dele, parte significativa e participativa. Também eu estive presente no Camões naquela vigília que tanta polemicazinha tem gerado na blogosfera (é de ficar de boca aberta, como bem nota Alexandre Homem Cristo, apesar do exagero do "ódio", pois eu chamar-lhe-ia mais palermice), mas no meio de tanta gente não ouvi ninguém tocar no assunto. Bem sei que não é um factor tão emocional. Ainda assim, se calhar um aviãozinho destes é capaz de violar uns quantos direitos humanos. Digo eu.

 

4. O CDS é um lugar estranho. Depois de nas últimas rentrées ter apostado na discrição, na sobriedade dos grupos de estudo e na necessidade de apresentar ideias longe de um discurso demagógico (foi esta a ideia com que fiquei, perdoem-me se estou errado), o Partido de Portas regressa ao circo das feiras e dos comícios inflamados, pondo tudo em alerta e ameaçando o governo sabe-se lá bem com o quê. É tudo tão confuso. Talvez seja este um dos motivos pelos quais nunca conseguirei votar num CDS em que Paulo Portas seja líder, ou até mesmo num CDS que aceita toda esta palermice.

29
Jun10

Algumas notas políticas do dia

jorge c.

1. O Presidente da República promulgou o diploma um conjunto de medidas adicionais de consolidação orçamental dizendo que vai requerer a fiscalização sucessiva da constitucionalidade. No período político em que vivemos o PR não poderia fazer outra coisa. Se tivesse pedido logo a fiscalização preventiva criaria uma excelente situação para a vitimização de Sócrates e para os ataques sectários que se fazem continuamente. A fiscalização sucessiva torna-se a única possibilidade de harmonizar a necessidade aparente de medidas de austeridade e a defesa dos direitos fundamentais.

 

2. A sondagem de ontem dá uma descida substancial do CDS. Muitos analistas de algibeira dizem que Portas está em declínio. Só quem vê a política através de vuvuzelas pode afirmar uma coisa destas. Este ruído provocado por certo PSD para ir recuperar votos ao CDS não é honesto. É trabalho do aparelho para solidificar a ideia de que agora tem de ser o CDS a mudar o discurso e a chegar-se ao PSD. A descida do CDS deve-se apenas ao facto do seu resultado nas últimas legislativas ter sido invulgar. É natural que agora regresse a números mais realistas.

 

3. Jorge Lacão prova a cada palavra que diz que é uma nulidade política. É um histérico nato. Este PS começa a revelar-se. Seria interessante ver o que têm a dizer os deputados independentes que se juntaram por ver neste PS um outro partido, principalmente depois da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Estou, muito especificamente, a falar do deputado Miguel Vale de Almeida.

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