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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

21
Fev11

A distinta lata

jorge c.

Já todos havíamos reparado que este era o governo da rankingocracia. E neste sistema de rankings, estatísticas, resultados em números, o governo parece empenhado em continuar a tomar os cidadãos por parvos. Eu acredito que não seja por mal e que sejam todos muito boas pessoas até prova em contrário. Acredito mesmo que seja por inépcia na avaliação de uma realidade pouco manipulável, aquela que há um mês atrás desabou sobre o mais fundamental dos direitos em democracia. É claro que estamos melhor do que antes do 25 de Abril, do que há 20 ou há 10 anos atrás. Mas se com os ovos à frente nem omeletes se fizesse seria a mais patética das incompetências. Devemos a este governo bastantes coisas no plano tecnológico. Mas um pouco de honestidade e menos retórica de vitimização não lhes fazia nada mal. Do que já estamos todos muito fartos é deste discurso que dá a entender que isto afinal está tudo espectacular. Não está, porra! Não está.

19
Jan11

Impressões de uma campanha VI - epílogo

jorge c.

Fico com a ideia de que a maioria das pessoas tem algum desinteresse pela campanha eleitoral. Só pelas redes sociais é que há um surto forçado de campanha e que tem como foco principal Cavaco Silva. Julgo que se tratará mais de um facto do que de uma percepção exclusivamente minha.

Com um cenário destes, o meio dos que gostam de debater a política está um pouco condenado a cair no erro dos casos laterais e dos soundbites sem conteúdo ou enganadores. Poderá ser este um dos motivos para o desinteresse dos cidadãos em geral? Eu julgo que sim. Não porque as pessoas tenham necessariamente consciência do fraco grau de debate, mas sim porque deixam de compreender a necessidade da política nas suas vidas por falta de esclarecimento.

Ora, se os media tradicionais optam pelo lado da campanha menos relevante para o país (reflexo do que os candidatos transmitem), deveria caber aos comentadores, aos bloggers e aos milhares de pessoas espalhadas pelas redes sociais uma discussão mais profunda porque são estes os que a mais informação têm acesso. Limitarem-se a reproduzir soundbites das assessorias dos candidatos e dos partidos é um sinal evidente do falhanço do debate democrático.

Acima de tudo, estamos perante uma falta de juízo crítico provocada pelo sectarismo e pela propaganda. Alimentam-se expressões-chave ou casos sem uma acusação em concreto, levantando suspeitas sobre as pessoas, e ignora-se a substância política de cada candidatura. Para que serve a Presidência da República? Quais os seus poderes e funções? Não, nada disso. É preferível discutir a insignificância de um artigo matricial numa escritura pública (sem saber ao certo do que se está a falar, mas levanta-se sempre a suspeita), o passado extremista do candidato ou se é o partido A ou B que dá ou não dá apoio, e por aí fora. A desculpa é o escrutínio do carácter dos políticos. Já comi pior e não paguei.

Dizem que os soundbites resultam, porque as pessoas não querem conteúdos. Eu muito gostava de saber quem é que lhes passou procuração sobre o que os eleitores querem ou não. Os eleitores não são estúpidos e a culpa do regime não é deles. Responsabilizar o povo, em abstracto, pelo resultado das suas opções é desresponsabilizar os políticos da sua vertente pedagógica e honestidade intelectual. Conhecemos muitos instrumentos para fugir a essa responsabilidade: o populismo, a demagogia, a propaganda, etc.

A repetição do discurso vazio das candidaturas por pessoas informadas, por puro sectarismo, é que vai, então, revelar essa falta de juízo crítico e incapacidade de pensar e promover a política como um bem comum e não como um projecto egoístico que não olha a meios para atingir fins. Compete-nos ser exigentes com o debate político e não nos conformarmos com o caminho que cada vez mais ele toma.

13
Dez10

Soarismos

jorge c.

Uma das coisas que o sectarismo e a propaganda fazem é destruir alguma capacidade crítica. Só esta falta de melhor debate justifica que ainda hoje haja quem tente dar uma ideia fantasmagórica da Direita, usar a retórica dos perigos do neoliberalismo ou até mesmo falar de um Partido Socialista. Puro entretenimento.

25
Nov10

Da greve de cidadania no 25 de Novembro

jorge c.

A conversa é sempre a mesma. Um diz oito, outro diz oitenta. Já ninguém leva a sério os números da greve. Quer isto dizer que a greve é uma manifestação em declínio? Gostava de acreditar que não.

A política banalizou-se. Por todos os meios de comunicação ouvem-se pessoas dizer as maiores alarvidades populistas assim que lhes põem um microfone à frente. É a crise, os patrões, os ricos, o poder - tudo aquilo que for grande e que possamos apontar como culpado da nossa eterna desgraça proletária. E é também este pensamento proletário que torna as reivindicações absolutamente inócuas. Já ninguém leva a sério as centrais sindicais e as manifestações na rua são desvalorizadas. A propaganda abafa parte das reivindicações e os problemas diários dos portugueses são também desvalorizados. Nunca se chega a saber, em rigor, o que se passa. Ouve-se muita coisa. Há demasiado ruído e depois desse ruído há ainda os donos da verdade que sacam sempre coelhos da cartola - ilusionismo puro para desviar a atenção do centro dos truques.

Tenho, para mim, que um dos maiores problemas da desvalorização política é a propaganda. E depois disso a contra-propaganda.

É um dia histórico, este em que celebramos a consolidação democrática; este em que nos afastámos dos extremos e em que começámos um processo de plena democracia participativa, de debate e de mérito. Em vez disso, demos lugar à propaganda, permitimos a demagogia e deixámos a democracia sedentarizar vivendo apenas do voto.

Não é a greve que está em declínio, mas sim a cidadania, a participação e o altruísmo.

20
Mai10

Política de latrina

jorge c.

Eu também gostava de passar o dia todo a ver e a escrever em blogs e redes sociais para depois fazer propaganda política e bater nos adversários, esmagá-los alarvemente. Essa política de latrina é hoje muito comum para os lados de S. Bento. Acontece que os impostos que nos querem aumentar também estão a pagar esta espécie de assessoria menor. Portanto, uma medida que eu aplaudiria era demitir os criados da propaganda e da contra-informação ou então atribuir-lhes funções um bocadinho mais honradas e, como tal, legitimamente oneradas.

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