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Manual de maus costumes

Manual de maus costumes

13
Mai14

do ódio ao desconhecido

jorge c.

Será com muita dificuldade que um programa de debate na televisão consiga esclarecer alguém para lá da mera heurística sobre qualquer matéria. O de ontem, sobre a tauromaquia, não foi excepção. Para além de ser um tema de guerrilha urbana, é um assunto complexo, que envolve factores culturais e identitários endógenos. A ancestralidade do culto tauromáquico não nos merece a leviandade de uma discussão pouco esclarecida e ainda menos esclarecedora.

Se é verdade que a tradição não legitima qualquer actividade por si só, não é menos verdade que o progresso não tem de ser o estrangulamento daquela, a tábua rasa da história dos povos. E se muitas vezes o conservadorismo ganha contornos reaccionários, pouco esclarecidos, também acontece o progressismo exceder-se em tiques pós-modernistas, sem referências, sem cultura, cínico e alimentado por uma ideia de urbanidade que ignora a vida no campo.

A diferença entre as duas vivências é abissal. A espiritualidade que advém de cada uma tem origem em fenómenos identitários dissonantes que apenas se reúnem num mesmo indivíduo cuja sensibilidade foi sendo preparada ao longo do seu próprio desenvolvimento. Não quer isto dizer que tal faça de alguém mais ou menos sensível, melhor ou pior. Quer antes significar que há, por vezes, mais disponibilidade para observar o mundo.

O grande problema da pós-modernidade é, precisamente, a urgência, a efemeridade, a falta de tempo para contemplar e reflectir, para compreender, discernir e, sobretudo, para sentir. Não conseguindo compreender, opta-se pela tentativa de destruir. É esse o génio da multidão, como diz o grande Bukowsky.

 

08
Ago10

Avante touros de morte!

jorge c.

Torna-se muito fácil discordar de Bruno Sena Martins. Neste post no Aparelho de Estado comete dois erros e demonstra a fragilidade da opinião.

Vamos aos erros. Aquela foto, meus Deus, aquela foto! Há várias campanhas que insistem que os animais sangram da boca por causa das bandarilhas. Photoshopa-se e os incautos comem. Bem, não é preciso ser veterinário para perceber que em qualquer morfologia aquilo seria impossível. Olha, na do homem, por exemplo. Enfim, tudo serve, até esta desonestidade infantil. O segundo erro é mais uma imprecisão. A Monumental de Barcelona foi encerrada há já algum tempo. Barcelona é, desde essa altura, uma cidade anti-taurina. Mas o que mais releva aqui, e então entramos na fragilidade da opinião, é essa posição da Catalunha contra Espanha. É mesmo disso que estamos a tratar, de rivalidade regionalista e separatista, e não de um verdadeiro e efectivo desconforto cultural. Esse marketing catalão é, aliás, bastante intragável. Convence os pós-modernos de qualquer coisa cool e torna-os ainda mais endofóbicos. O tom infantil, fútil e pseudo-revolucionário corresponde precisamente à pequenez regionalista que despreza culturalmente tudo o resto. Parece um paradoxo, mas não é: há muita ignorância nesta zona da intelectualidade. Barcelona é o seu lugar preferido.

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